Arquivo

Archive for março \31\America/Sao_Paulo 2006

Frase da Semana

Frase que corre pela net:

Na falta de vasélina, vai mântega mesmo!!!

Categorias:Frases

Parece Piada, Masss Não É!!!

Coisa de circo
Deu na coluna de Cláudio Humberto:

A vida como ela é — Qualquer
associação é mera coincidência, diverte-se um leitor. A
deputada-dançarina Ângela Guadagnin (PT-SP) é autora do projeto de Lei
6.445/05, que "proíbe a utilização de animais em espetáculos circenses
ou de qualquer natureza".

Retirado do Blog do Moacir Japiassu do Comunique-se.

Categorias:Piadas

A Arte de Ser Atleticano

Recebi por e-mail: O texto é grande
mas vale a pena ler.. com calma…

Enquanto isso, nós atleticanos vivemos um momento de reflexão, de
tristeza, de choro engasgado, situação da qual faz-se indispensável um desabafo.

Feliz daquele que teve um dia na vida a oportunidade de torcer nas
arquibancadas do Mineirão para o Clube Atlético Mineiro.

Feliz daquele
que teve um dia na vida a oportunidade de ouvir a narração de um gol do Galo na
rádio Itatiaia pelo Willy Gonser (ou até mesmo pelo Alberto Rodrigues).

Feliz daquele que desde criança sabe que após um barulho de fogos de
artifício, ou de um copo se quebrando ao chão, sempre se ouvirá algum apaixonado
a gritar "GALOOO", em qualquer lugar do mundo!

Feliz daquele que sabe
que um dos grandes poetas e escritores do Brasil, Roberto Drumond, traduz sua
paixão pelo futebol, e porque não pela vida, em sentimentos que milhões se
orgulham de carregar no peito: o coração alvinegro.

Feliz daquele que
sabe o que é pisar no Mineirão, cantar o hino, pular feito louco, saborear um
tropeiro e beber uma cerveja semi-gelada, só para ver o Galo jogar.

Isso
é que é torcer para um time.

"Se houver uma camisa preta e branca
pendurada no varal durante uma tempestade, o atleticano torce contra o vento."

Mas o que é ser atleticano? É uma doença? Doidiviana paixão? Uma
religião pagã? Benção dos Céus? É a sorte grande?

O primeiro e único
mandamento do atleticano é ser fiel e amar o Galo sobre todas as coisas.

Daí, que a bandeira atleticana cheira a tudo neste mundo:

Cheira
ao suor da mulher amada; cheira a lágrimas; cheira a grito de gol; cheira a dor;
cheira a festa e à alegria;
cheira até mesmo a perfume francês.


não cheira a naftalina, pois nunca conhece o fundo do baú, tremula ao vento.

A gente muda de tudo na vida:

Muda de cidade; muda de roupa;
muda de mulher; muda de partido político; muda de religião; muda de costumes.

Até de amor a gente muda.

A gente só não muda de time, quando ele é
uma tatuagem com as iniciais CAM, do Clube Atlético Mineiro, gravada no coração.
É um amor cego e têm a cegueira da paixão.

Já vi atleticano agir diante
do clube amado com o desespero e a fúria dos apaixonados.
Já vi atleticano
rasgar a carteira de sócio do clube e jurar: "Nunca mais torço pelo Galo".

Vi atleticano falar assim, mas, logo em seguida, juntar os pedaços da
carteira rasgada e colar, como os amantes fazem com o retrato da amada.

Que mistério tem o Atlético que, às vezes, parece que ele é gente? Que a
gente o associa às pessoas da família (pai, mãe, irmão, tio, prima)? Que
mistério tem o Atlético que a gente o confunde com uma religião? Que a gente
sente vontade de rezar "Ave Atlético, cheio de graça"? Que a gente o invoca como
só invoca um santo de fé? Que mistério tem o Atlético que, à simples presença de
sua camisa preta e branca, um milagre se opera? Que tudo se alegra à passagem de
sua bandeira? Que tudo se transfigura num mar preto e branco?

Ser
atleticano é um querer bem. É uma ideologia.

Não perguntem se sou de
esquerda ou de direita. Acima de tudo, sou atleticano, e nesse amor, pertenço ao
maior clã do planeta: o Clube Atlético Mineiro, uma instituição onde cabem
homens, mulheres, jovens, crianças.
Diante do Atlético todos são iguais.

Obrigado, Senhor, por ter me dado a sorte de nascer atleticano.

E, em verdade, vos digo: com efeito, o Palestra pode conquistar todos os
campeonatos brasileiros que disputar, agregar todas as taças continentais
possíveis, e erguer até mundial interclubes. Assim, os celestes serão de fato
muito grandes. Porém há apenas um desafio que o Palestra jamais conseguirá
conquistar: ser maior que o Atlético.
Passem séculos, conquistas, história e
toda a rivalidade de torcidas. Haja o que houver. Jamais, o Palestra será maior
que o Glorioso Clube Atlético Mineiro. Jamais.

O choro de hoje será a
nossa glória de amanhã, o nosso dia há de chegar.

Amor da nossa terra,
paixão da nossa gente. Filosofia máxima de um povo.

Galo: sempre, muito
antes e acima de tudo.  
BICA ELES GALO !!!!!!

Categorias:Organizações

O Hedonismo Gera Corrupção ou é Cultural?

O que todo mundo quer, por Rosana Hermann

Rosana Hermann (*)

O ser humano moderno tem basicamente três desejos: comer sem engordar, transar sem procriar e ganhar sem trabalhar.

O primeiro desejo vem sendo buscado na marra, à base de lipos,
dietas e, como soubemos recentemente, de anfetaminas, já que o Brasil
além de líder em cirurgias plásticas estéticas é também o maior
consumidor do mundo de ‘bola’ para emagrecer. A obesidade é um problema
de saúde pública mas emagrecer, em última instância, é uma tarefa de
foro íntimo.

Para realizar o segundo desejo, os casais têm buscado métodos como a
pílula e, principalmente, a camisinha, usada até mesmo em lugares
totalmente inconvenientes, como o parque do Ibirapuera, que foi
transformado em motel a céu aberto e boca fechada. De qualquer forma,
excetuando-se o atentado ao pudor público, a questão sexual só
interessa ao casal envolvido.

O problema maior, porém, está no terceiro objetivo do homem moderno,
o de ganhar sem trabalhar. Para alcançar este sonho, muita gente tem
tentado transformar a justiça em fonte de renda, processando pessoas
físicas e jurídicas atrás de qualquer tipo de indenização, com ou sem
bom senso. Mas a questão mais grave, endêmica é aquele  método de
enriquecer sem o suor do trabalho, o método mais disseminado em nossas
entranhas, a corrupção.

A corrupção, a roubalheira, os crimes de colarinho branco, o
suborno, a sonegação, deveriam ser considerados como crimes hediondos,
porque roubar dinheiro público também é assassinato. A diferença entre
o desvio de verba do povo e uma bala de revólver é apenas de escala e
de tempo. O tiro tem uma correspondência  biunívoca e aguda: para cada
pessoa, um tiro, que mata na hora. A corrupção é coletiva e crônica:
mata muita gente, a longo prazo, em filas de hospital, pela falta de
escola e oportunidades ou pelo desemprego. Qualquer pessoa que já
tentou usar um serviço público de saúde sente que chegou ao outro
extremo das notícias de corrupção.

Mas o cenário desolador da nossa realidade não está dissociado de
cada um de nós. Por isso, hoje, quando vemos reportagens mostrando
crianças armadas que trabalham para o tráfico, falando da morte como um
amigo de infância, devemos ver ali, também, o resultado da loucura dos
nossos desejos. Não há como separar a perversidade doentia do ser
humano da exploração sexual de homens, mulheres e crianças; nem como
separar a compulsão patológica  do tráfico de drogas; a vaidade está
ligada ao mercado negro de remédios assim como a ambição desmedida é
irmã da corrupção. No fundo, vivemos uma grande ilusão: a de que se
formos lindos, atraentes, poderosos, tudo vai dar certo na nossa vida.

Devem estar certos os budistas que dizem que só o desapego e a
eliminação da ignorância, do sofrimento, da ilusão e do desejo podem
nos levar à iluminação e à paz. Sem isso, vamos continuar atolados,
pisando num acelerador que só nos faz afundar mais sem sair do lugar,
no meio da lama onde estamos hoje. 

(*) Rosana Hermann é Mestre em Física Nuclear pela USP de
formação, escriba de profissão, humorista por vocação, blogueira por
opção e, mediante pagamento, apresentadora de televisão.

30/3/2006
http://www.comunique-se.com.br/index.asp?p=Conteudo/NewsShow.asp&p2=idnot%3D27440%26Editoria%3D874%26Op2%3D1%26Op3%3D0%26pid%3D65510402500%26fnt%3Dfntnl

Categorias:Reflexões

A vingança das Chifradas

Quinta-feira, 30 de

março de 2006


A vingança virtual da mulher traída


Tania Menai, de Nova York

Divulgação
O logo do site e sua criadora,
Tasha: inspiração foi o FBI

30.03.2006 |  “Nós nunca mentimos. Quando mentimos, é para o bem de vocês”, afirma
o escritor Luis Fernando Veríssimo em sua obra “As Mentiras que os Homens
Contam”, na qual uma das crônicas sugere a criação do Dia do Amante no
calendário. Por bem ou por mal, essas mentiras masculinas são suficientes para
justificar o sucesso meteórico do site americano Don’t Date Him,
Girl.com
(Não Namore com Ele, Garota!). Com apenas cinco meses , o site
já possui mais de cinco mil usuárias cadastradas e um tráfego de 600 mil hits
por dia. “Da mesma forma que o FBI mantém um site listando os sujeitos mais
procurados, criamos arquivo de chifradores, para que ninguém perca tempo nestas
relações”, diz Tasha Cavelle Joseph, criadora do site, a NoMínimo.

Agora, quando uma mulher conhecer um homem, e não apenas nos Estados
Unidos, tem como saber, tintim por tintim, o seu passado. O site já
disponibiliza o histórico de 1.500 chifradores internacionais, incluindo as
respectivas fotos, o “passado criminal” e, pior, as “reincidências”. Mais dois
mil nomes estão sendo adicionados gradualmente. Para relatar uma atrocidade
conjugal, basta fazer login na página. E para achar um “elemento suspeito”,
clica-se em Find a Cheater (Ache um Chifrador), digita-se o nome do belo
e pronto: gratuitamente, a usuária pode descobrir se aquele nome é sinônimo de
cafajeste. “Tentamos adicionar o máximo de nomes por dia – são muitos. Muitos
mesmo” diz Tasha, que por sete anos assinou uma coluna no jornal “Miami Herald”,
auxiliando pais a resolver os problemas escolares de seus filhos.

Aos 33
anos, Tasha diz que nunca adicionou ninguém à lista do site. “Por sorte”, diz
ela “só fui chifrada uma vez – eu tinha 18 anos”. A jornalista, que vive em
Miami, conta que hoje “namora um cara espetacular”. Ele apoia o site, levanta a
bandeira da fidelidade, “e sabe bem onde vai parar caso pule a cerca”. A ficha
técnica dos rapazes vem acompanhada de idade, etnia, peso, altura, cidade, nome
completo e todos os xingamentos aplicáveis à situação.

Ilustres
chifradores

Os Dons Juans são encontrados em todos os
tamanhos, credos e cores: são negros, asiáticos, latinos, loiros, idosos,
jovens, gordos, esquálidos, baixos, esguios, pobres, milionários, lindos e
horrendos. Nas palavras de Tasha, trata-se de “uma coleção global de traidores”.
Mas no fundo, como dita aquele sábio provérbio, eles são todos iguais. O que
muda é o endereço.

Numa busca por ilustres chifradores americanos, por
exemplo, encontramos Kobe Bryant, aquele jogador de basquete que chifrou a
esposa e depois a presenteou com um anel de brilhantes equivalente ao tamanho de
sua cara-de-pau. Já Bill Clinton, Brad Pitt e Rudy Giuliani passaram ilesos pelo
pente-fino. Por enquanto.

Um caso menos notório, mas muito interessante,
é o de Kevin Casey, que, aos 51 anos, ainda vive com a mamãe. Ele transforma a
tal senhora em telefonista cada vez que não quer atender as namoradas traídas.
Mas não há como segurar as mentiras, segundo uma ex-namorada: qualquer dos
apetrechos de Kevin – celular, pager, computador – contém provas de
traições.

Num outro relato, a ex-mulher de Karl Humper diz que a criatura
ficou desempregada por dois anos. Ela comprava até os sapatos dele. No terceiro
ano de casado, ele passou a dormir no sofá. Sempre destratou os filhos. Cada vez
que ela chegava no quarto, ele fechava imediatamente a internet. Andava e
misterioso. No aniversário de seis anos de casamento, ele pediu divórcio. E foi
aí que ela gritou a frase do líder Martin Luther King, “Livre, finalmente!” E
escreveu no site: “Senhoras, este homem é nojento. Adora pornografia – das mais
grosseiras. Fiquem longe!”.

James Bastion é mais um nome devidamente
listado em Don’t Date Him, Girl.com. Soldado do Exército, costuma dizer
às titulares que está longe e sem acesso a meios de comunicação. Enquanto isso,
diverte-se com uma aeromoça. Quando não está com ela, aproveita para correr
atrás de outros rabos-de-saia.

Outro chifrador da longa lista: Scott
Wielbick, que acaba de se mudar para a casa de sua nova vítima, em
Vancouver, no Canadá. Antes, mantinha três relacionamentos simultâneos em
Seattle. Encaixado na categoria dos “chifradores-em-série”, sua delatora avisa
ainda que ele deve milhares de dólares em cartões de crédito e está em débito há
anos com o imposto de renda.

O caso de Michael Sullivan, então, requer
análise especial. O rapaz deixou sua mulher, com um bebê de colo, para casar com
a amante. Depois de casado, passou a traí-la com outra amante. Engravidou esta
amante. E ainda está com outra nas horas vagas. Acompanhou?

Delação
anônima

Relatar dores-de-cotovelo e traições não deixa de ser uma
catarse. Psicólogos defendem que colocar a raiva para fora é saudável. E uma vez
que a lavagem de roupa suja fora de casa está liberada, a internet se
transformou numa grande lavanderia. Haja sabão. Nos relatos de Don’t Date
Him, Girl.com
, muitas mulheres contam que descobriram seus companheiros
anunciando suas próprias qualidades em sites de relacionamento, dizendo
que são “solteiros e carentes”.

Ao delatar seus homens, quase todas
mantêm o anonimato. Umas escrevem em tom de frio aviso. Outras, em letras
maiúsculas, o equivalente a berrar na linguagem do mundo virtual, detonam:
“Fique longe deste cachorro”. Ou: “Ele é um mentiroso patológico”. Algumas são
prolixas: “Além de chifrador, mora com os pais e é falido. Me pediu dinheiro e
saiu com outra! Não caia nesta ladainha!” Mais: “Esse aí chifra com as colegas
do trabalho!” Não falta uma ponta de deboche: “Ele não é patológico, é
patético!” Há quem apenas registre os fatos: “Eu estava namorando há quatro
meses, quando uma mulher da Costa do Marfim chega ao meu escritório e se
apresenta como a esposa – e mãe de dois filhos”.

Ainda assim, verdade
seja dita: algumas histórias nos fazem questionar que tipo de mulher se encrenca
com homens desses. Por exemplo: uma tal de Lisa conta que seu marido sempre a
traiu, mas que ela perdeu o controle quando, durante sua quarta gravidez, ele
saía com uma menina de 14 anos. O cavalheiro saiu de casa e mal vê os
filhos.

De qualquer forma, os homens podem também enviar e-mails para o
site, contando suas versões da história. Eles são postados ao lado dos
depoimentos de suas (ex) mulheres. Em tempo: a versão masculina do site –
Don’t Date Her, Man.com estará online na primeira semana de abril. “Estou
curiosa para ver a repercussão”, diz Tasha.

Digitando sobrenomes
brasileiros, como Santos, achamos alguns porto-riquenhos. Silva? Nenhum (note,
porém, que o site só lida com traição a mulheres, e não “traição à nação”). Uma
pesquisa geográfica por “Brazil” também não resultou em nada. Isso não significa
que o país em questão seja habitado apenas por “santos”. A ausência de
brasileiros neste site (até agora) tem a ver com a barreira de idiomas. Tanto,
que as brasileiras já contam com recursos online em português, ainda que menos
sofisticados. No Orkut, elas criaram comunidades como “Tá faltando homem que
preste”, “As mentiras que eles contam”, “Eles mentem e a gente finge que
acredita” ou “Homem que trai, o pipi cai”, esta com quase 246 mil adeptas.

“A denúncia de elementos como estes é uma contribuição ao bem-estar
social. O Don’t Date Him, Girl é um instrumento saneador de uma
epidemia”, proclama uma advogada paulista, que, assim como todas as outras, não
quis se identificar, mas se diz chocada após ler alguns relatos. Tasha, por sua
vez, não se apavora com mais nada, embora não se esqueça de uma história: “É de
uma mulher que estava casada por 12 ou 13 anos, mãe de 2 filhos. Ela descobriu
que seu marido a estava traindo por todos estes anos – com outro homem”, conta,
ainda incrédula. E, pelo que se sabe, nem caubói o sujeito era.

http://nominimo.ibest.com.br/notitia/servlet/newstorm.notitia.presentation.NavigationServlet?publicationCode=1&pageCode=54&textCode=21666&date=currentDate&contentType=html

A melhor música do mundo

Direitos do autor

Cooper é condenada por usar música sem autorização

A Eldorado Indústria e Comércio de Calçados Cooper e a agência de
publicidade Ammirati Puris Lintas foram condenadas a indenizar, por danos
patrimoniais e morais, a Emi-Songs do Brasil Edições Musicais e a Emi Odeon
Fonográfica, Industrial e Eletrônica pelo uso indevido da música U cant’s
touch this
nos comerciais do tênis da Cooper. A decisão é da 4ª Turma do
Superior Tribunal de Justiça.

(…)

A agência de publicidade e a Calçados Cooper também argumentaram
que a Emi-Songs e a Emi Odeon não têm o direito de defender os compositores da
obra, porque a cessão e a transferência de direitos não se presumem e todo o
negócio que envolva matéria tem de ser interpretado restritivamente. A música é
de propriedade conjunta das empresas Jobete Music Co. (21,25%), Stone Diamod
Music Corporation (7,5%) e Stone City (21,25%) e dos compositores Rick James
(42,5%), Alonzo Miller (7,5%) e M.C. Hammer (50%).

Resp 178.180

Revista Consultor Jurídico, 28 de março de 2006

Comentário: Será que ess música é tãããooo boa que os donos possuem não 100% dela, mas 150%???
E, se voce está em dúvida, some os quantitativos acima, que coloquei em negrito para facilitar…

Categorias:Pense Direito

The Smoking Gun – Sujeiras de Hollywood na net

THE SMOKING GUN
Bisbilhotice com base na liberdade de informação

Marcel Pazzin (*)

Nunca a privacidade jurídica foi tão violada como na atualidade. Escândalos
envolvendo celebridades se tornaram capa de muitas publicações ao redor do mundo
como se fosse o oxigênio que as mantém vivas. Estas duas situações dividem uma
mesma característica: a necessidade de se tornar abertos detalhes que o público
em geral jamais teria acesso. E um fator materializa a viabilidade desse
objetivo: o fato de que as informações precisam ser transmitidas via papel, seja
em cartas, mandados ou depoimentos.

Ideologicamente na contramão da era digital, o papel continua desempenhando
papel vital na sociedade moderna e torna-se eventual objeto de desejo pelas
informações valiosas que pode conter. Desde 1997, internautas de todo o mundo
passaram a divertir-se com documentos que deveriam ser sigilosos e registros
bizarros envolvendo pessoas famosas e/ou comuns, que ganharam a luz dos
holofotes com o trabalho desenvolvido pelo sítio norte-americano The Smoking Gun. Baseado na
premissa de revelar o impublicável, o sítio tornou-se referência pela obtenção
de informações de acesso restrito e pela filosofia de que a notícia não é a
primeira versão da história, mas sim os documentos nos quais as notícias são
baseadas.

A gama do material coletado inclui boletins de ocorrência, processos,
memorandos e até relatórios de divórcios de astros e estrelas do cinema. Vale
todo registro formal de qualquer situação constrangedora. Fixado na premissa de
que toda história deixa uma fascinante trilha de papel, The Smoking Gun
desempenha um papel jornalístico que poucos veículos de imprensa conseguem
encampar. Através de extensa pesquisa, requisições formais e contatos diretos
com advogados, policiais, espiões, burocratas e até cidadãos irritados, a
proposta ampara-se na Lei do Ato de Liberdade da Informação, promulgada pelo
presidente Lyndon Johnson, em 1966, nos Estados Unidos.

O princípio da lei era de que uma democracia eficaz funciona quando as
pessoas têm acesso a todas informações que a segurança da nação permite.
Anteriormente a essa lei, os norte-americanos precisavam protocolar uma
requisição perante o governo para evidenciar a necessidade do acesso a certos
documentos. Em 1974, na esteira do escândalo Watergate e da queda do presidente
Richard Nixon, o Congresso norte-americano derrubou um veto do presidente
empossado Gerald Ford que restringia o acesso a documentos do caso, com base na
tal lei.

Reforma contestada


A lista de conquistas de The Smoking Gun é extensa. E bastante peculiar.
Perfeita para satisfazer ao interesse do mais curioso visitante. Um belo exemplo
de documento "suculento" publicado pelo sítio é a íntegra do processo contra
ex-atleta e ex-ator O.J. Simpson por "fazer gato" na instalação de TV por
assinatura na sua residência na cidade de Miami, em 2004. Cabe lembrar que
Simpson foi absolvido em 1993 da acusação de ter assassinado sua então mulher
Nicole Brown Simpson e um amigo.

O processo movido pela empresa DirecTV detalhou que Simpson instalou dois
"pontos frios" de TV via satélite em sua casa e exigia 20 mil dólares de
indenização, mais 850 dólares de honorários jurídicos. O relatório inteiro do
processo, composto por dez páginas, está reproduzido no sítio. A DirecTV tomou
conhecimento do fato da pirataria promovida por Simpson após uma investigação
movida pelo FBI e polícia de Miami, na qual grampos telefônicos foram usados
para confirmar os "gatos" através de diálogos de O.J..

Em janeiro de 2005, a família Simpson voltou a ser destaque em The Smoking
Gun (os descendentes de Orienthal James, não o desenho). A filha de O.J., Sydney
Simpson, de 19 anos, envolveu-se numa briga após um jogo de basquete
universitário, também Miami. A polícia interveio e a estudante acabou xingando e
dando um tapa num policial. Sydney foi presa por conduta desordeira e indiciada
por resistência à prisão. O boletim de ocorrência está no sítio para quem quiser
ler.

Se o leitor ainda lembra do cantor pop Prince – um ícone dos anos 1980 –,
leia esta. Na segunda-feira (20/3), The Smoking Gun noticiou que o astro está
sendo processado pelo seu senhorio sob a alegação de uma "reforma brega" na
mansão em que mora na cidade de Los Angeles, na Califórnia.

Carlos Boozer, jogador de basquete pelo time Utah Jazz e dono da mansão, está
acionando o cantor na Justiça pelas mudanças que realizou na sua propriedade –
tais mudanças incluem a pintura da fachada e interiores na cor roxa, instalação
de carpetes com monogramas do cantor e construção de um novo encanamento para
transferência de água para um salão de beleza construído no interior da
propriedade. Os detalhes contidos nas seis páginas do processo estão à
disposição dos leitores, que também ficarão sabendo que Prince paga 70 mil
dólares de aluguel por mês por um imóvel que vale cerca de 12 milhões de
dólares. Nada mal para dez quartos e onze banheiros.

Galeria de pérolas


Detalhe técnico foi o que não faltou no contrato para vaga de empregada
doméstica, redigido pelo ator Tom Cruise ainda na época do seu casamento com a
atriz Nicole Kidman. Além de saber passar, lavar e cozinhar, calar a boca era
pré-requisito básico. O contrato veio à tona após a doméstica Judita Gómez
processar Cruise e Kidman alegando ter sido injustamente demitida.

Reproduzo abaixo a íntegra do contrato para que o leitor consiga dimensionar
o trabalho feito por The Smoking Gun. E também fica o alerta para aqueles que
querem começar uma carreira em Hollywood como empregada doméstica de atores
famosos.

"Eu fui contratado pela Odin Productions Inc. para prover serviços para Tom
Cruise e sua esposa Nicole Kidman. Eu reconheço que ao executar tais atividades,
eu posso vir a receber informações confidenciais, sejam verbais ou escritas, que
digam respeito às atividades pessoais ou profissionais de Tom Cruise e Nicole
Kidman. Eu reconheço que o Sr. Cruise e a Sra. Kidman são pessoas proeminentes
cujas reputações são de sensibilidade particular devido à sua importância como
atores de cinema. Eu compreendo que a veiculação de informação confidencial pode
causar constrangimento e falsamente machucar a reputação de Cruise, o que
causaria dano irreparável. Eu também entendo que essa veiculação irá resultar em
invasão da privacidade de Cruise, cuja privacidade reconheço que ele e sua
mulher têm o direito de manter.

Eu concordo manter em confidencialidade estrita e não comentar, revelar ou
insinuar nenhuma informação que possa ser obtida por mim, sem autorização por
escrito de Cruise. Minha intenção única em assinar este acordo é proteger Cruise
da divulgação de informações que tendem a machucar, macular, arruinar, estragar
ou adversamente afetar quaisquer das atividades deles.

Eu reconheço e concordo que qualquer divulgação ou apropriação indevida de
qualquer informação confidencial em violação a este acordo irá causar dano
irreparável, cujo alcance será difícil de precisar. Eu concordo que Tom Cruise
terá o direito de recorrer a um tribunal de jurisdição competente para uma
medida cautelar no sentido de impedir tal divulgação, uso ou apropriação
indevida; e para outros fins que podem ser classificados como apropriados,
incluindo sem limitações os danos morais, honorários jurídicos e custas do
processo."

O casal alegou que Judita Gómez foi demitida por incompetência, falso
testemunho, falta de confiabilidade e violação de correspondência.

Fazem parte ainda dessa galeria de pérolas itens como multas de trânsito do
apresentador David Letterman; as custas de um processo perdido por Barbra
Streisand; a certidão do casamento de vitrine de Britney Spears em Las Vegas e
que foi anulado dias depois; a certidão de nascimento de Bruce Springsteen; uma
carta de "auto-recomendação" escrita pelo apresentador da Fox News Bill O´Reilly
no início de carreira para um futuro chefe, e várias outras. O arquivo da parte
jurídica possui volume considerável. Há disponível uma retrospectiva desde o ano
de fundação do sítio, com todos os documentos obtidos expostos para a leitura do
internauta – e a subseqüente diversão.

Preferência pessoal


Se, de um lado, na parte jurídica a curiosidade e sordidez do visitante já é
estimulada, no lado artístico do sítio mais ainda. The Smoking Gun também
publica para o deleite do leitor os contratos que cantores, humoristas e
conjuntos musicais enviam para as casas de show com exigências para eles e suas
equipes. São mais de 200 artistas e suas respectivas ordens para tal tipo de
água e toalhas nos seus camarins.

De uma certa forma, esses ofícios de exigência acabam por revelar mais ou
menos qual é a personalidade do artista. Frank Sinatra, por exemplo, fazia
questão de ter à disposição pelo menos dois camarins e um escritório de
produção, além de quatro linhas telefônicas exclusivas. Uma em cada camarim e
duas no escritório. Um otorrinolaringologista também deveria estar presente com
medicação a postos, caso necessário. Por fim, o cantor de olhos azuis exigia –
claro – uma garrafa de vodka, três de whisky, uma de gim e duas de vinho. Sem
mencionar doze embalagens de balas de cereja e doze de balas outros sabores.

Para quem já namorou ao som de "Sacrifice" ou "Don’t let the sun go down on
me", as modestas três páginas de exigências feitas pelo cantor britânico Elton
John são parada obrigatória. Logo na primeira, em grifo, está a menção de que
"Elton John não está acostumado a usar credenciais" – obrigação de todos os
mortais da sua equipe, entretanto.

Para que John possa se sentir a vontade, são necessárias no mínimo 50 toalhas
de banho e 24 de rosto. Para tornar o clima no camarim mais aconchegante, Sir
Elton faz questão de pedir iluminação localizada nas mesas e no chão, além de
pelo menos duas tomadas de 120V e uma de 230V. Não há exigências no tocante a
bebidas alcoólicas, mas há uma para um arranjo grande de flores coloridas,
dentre as quais não devem ser incluídos crisântemos ou margaridas.

Aparentemente, quanto mais novo o artista, maior a quantidade de frescuras.
Que o diga a principiante Ashlee Simpson (nada a ver com O.J.). A cantora, irmã
da atriz Jessica Simpson, é conhecida basicamente do público adolescente, mas
ganhou notoriedade nos Estados Unidos após recente fiasco cometido no programa
de humor Saturday Night Live, da rede NBC, que é de fato ao vivo como diz
o título. Durante uma apresentação no programa, Ashlee iria dublar uma música,
fazendo pressupor que cantaria ao vivo. Ao começar a tocar a música – com sua
voz já gravada – a cantora perturbou-se com o som de sua performance e saiu do
palco, evidenciando que apenas fingia que cantava.

Na lista de exigências, a artista coloca que são necessárias guitarras,
baterias, contrabaixo e seqüências pré-gravadas de suas músicas. Praticamente
uma confissão de desrespeito com o público. Além disso, existe uma lista quase
quilométrica com outros equipamentos eletrônicos que devem ser fornecidos pelo
contratante – sendo que a maioria dos grupos leva seus próprios instrumentos
musicais. Fora isso, a dublê de cantora solicita 72 garrafas d’água (que não
sejam da marca Evian), 24 latas de refrigerantes e mais 24 de cervejas. E o
campeão da lista: um engradado de energético Red Bull. Será que tudo isso é
válido para quem apenas dubla?

A mais recente celebridade incluída na vitrine de The Smoking Gun não é
artista, mas também é conhecido mundialmente. Lida com a política mundial, mas
não é o cantor Bono Vox, do U2. E está bem longe de ser um símbolo sexual para
as mulheres. A nova inclusão na lista de exigências atende pelo nome de Dick
Cheney, o vice-presidente dos Estados Unidos, tido como real articulador da
administração George W. Bush.

O documento contendo instruções oficiais foi obtido por The Smoking Gun junto
a um hotel onde Cheney ficaria hospedado. O vice-presidente norte-americano
exige quatro latas de Sprite dietético e sem cafeína, seis garrafas d’ água,
microondas, cafeteira, temperatura ambiente de 68 graus Fahrenheit, todas as
luzes do quarto ligadas – e o que mais chamou atenção: que todos os televisores
estejam sintonizados no canal Fox News.

Desde o último dia 23, quando a informação foi divulgada, Cheney vem sofrendo
críticas por ter externado tamanha preferência pessoal. Foi na Fox News – e não
na CNN – que Dick Cheney deu recentemente entrevista exclusiva sobre o incidente
em que baleou um amigo enquanto caçava, depois de uma desmoralizante demora em
se manifestar a respeito.

Queijo com abacaxi


Se tomar conhecimento das peculiaridades dos artistas (e políticos) ao
prepararem para um show (ou hospedagem) não for suficiente para o leitor, The
Smoking Gun ainda tem uma carta na manga. Em outra interessante seção, os
visitantes são convidados a ver fotos de artistas famosos durante prisões que
sofreram em algum momento de suas vidas.

Por meio de conexões com autoridades policiais, o sítio levantou fotografias
da ficha policial de nomes como Nick Nolte, Vince Vaughn, Robert Downey Jr –
preso diversas vezes por porte de entorpecente – e o tradicionalíssimo Hugh
Grant, que foi flagrado e preso com uma prostituta nas ruas de Los Angeles com
"a boca na botija", embora existam argumentos de que tenha sido com "a botija na
boca".

O momento "diga xis" de músicos renomados na sua passagem pelo xadrez também
marca presença, com destaque para ícones como James Brown, Michael Jackson,
Frank Sinatra, Ozzy Osbourne e Axl Rose. Personagens relevantes e históricos
tais como Martin Luther King e Bill Gates também tomam parte na irreverente
coleção, que tem pelo menos nove categorias. Tanta revelação inesperada e tanto
sarcasmo ao mesmo tempo renderam até livro. O editor do sítio, Daniel Green,
lançou em 2001 The Smoking Gun: A dossier of secret, surprising and salacious
documents
.A obra tem 224 páginas que reúnem o melhor apresentado na internet
até aquele ano.

O leitor pode se perguntar qual seria a razão para o título The Smoking Gun.
A melhor tradução seria "arma enfumaçada", como no momento imediatamente após
ter disparado um tiro. Ou seja, a proposta é como um tiro recente, em função do
teor restrito do material que se apresenta.

Falando em fumaça, é impossível não mencionar a lista de exigências para
apresentações do cantor jamaicano Ziggy Marley – filho do legendário Bob Marley.
Ícone do reggae, Marley pai é ainda hoje um dos maiores representantes desse
ritmo. Ao longo da sua trajetória de vida, levou a milhões de fãs o ritmo suave
do reggae e sua temática de paz, mas também o triste hábito do consumo de drogas
entrosado com sua filosofia. E Ziggy segue os passos do pai em ambos os
quesitos.

Quem contratar o músico para uma apresentação irá deparar-se com uma
exigência de três pizzas grandes de queijo e abacaxi prontas para o consumo
quando a entourage chegar ao local do espetáculo. A alegação apresentada
é que "estamos sempre famintos quando chegamos ao local do show porque
provavelmente tenhamos dirigido a noite toda". Ah, bom. E o leitor já achando
que era por causa da "larica"…

(*) Jornalista

http://www.observatoriodaimprensa.com.br/artigos.asp?cod=374FDS003

Categorias:Pense Direito

Tecnologias Estranhas



Alta tecnologia

Je Joue é um vibrador de
400 dólares.

Mas isso não explica tudo: têm três superfícies na ponta circular, duas redondas, uma com
texturas. Vira para um lado, move-se para frente, para os lados.

Acompanha um software: o movimento destas superfícies pode ser programado
individualmente para que o conjunto mova-se conforme o desejado. Então não
apenas vibra. Pode ir se mexendo de um jeito específico e de leve no início e ir
lentamente ganhando mais velocidade. Ou pressão.

Je Joue se comunica com o computador, Mac ou PC, pela porta USB. Cada
programação tem até 30 minutos de duração, acompanha 10 pré-configuradas. E,
naturalmente, as usuárias podem dividir umas com as outras suas táticas; ou
técnicas; ou jeitos.

Como for.

__________________________________________________________________

Customizável

A Garrafa Programável de Líquido da Ipifini usa botões para soltar
aditivos (gostos, cores, fragrâncias) no líquido. Botões de aditivos permitem ao
consumidor escolher variações do líquido na garrafa no momento do consumo. Uma
garrafa de Cola, por exemplo, com botões para limão, baunilha e cereja e mesmo
mais cafeína permite 32 escolhas em potencial de refrigerante. Uma garrafa com
botões para vinte pigmentos de cor permitem ao consumidor escolher entre um
milhão de cores diferentes.

Há de ser um hoax, uma trapaça, uma fraude da Internet. Porque, se não
for, o mundo acaba de ficar um quê mais estranho. via Dave
Barry

http://pedrodoria.nominimo.com.br/#1054

Comentário: Já pensaram se a moda pega e começa-se a criar blogues de troca de informações sobre quais as melhres programações do vibrador ou quais as melhores "misturas" para a "cola"??? =oO

Brasileiro Corrupto

Somos cúmplices da corrupção


Luiz Antonio Ryff

28.03.2006 | Não é à toa que o escândalo do mensalão está acabando
melancolicamente em pizza, ao som do samba atravessado da deputada petista
Ângela Guadagnin, e sem provocar grandes comoções na sociedade. Uma pesquisa
inédita revela que o eleitor brasileiro é conivente com a corrupção política e
que a falta de ética não é um problema apenas da classe dirigente: 75% dos
brasileiros acreditam que cometeriam um dos atos de corrupção listados na
pesquisa se estivessem no lugar dos políticos denunciados. “Ao imaginar que
poderia cometer um desses atos, o eleitor provavelmente é tolerante com o
político que o fizer”, explica a cientista social Sílvia Cervellini, diretora de
Atendimento do Ibope Opinião, responsável pelo trabalho.

Com o
questionador título de “Corrupção na Política: Eleitor Vítima ou Cúmplice?”, o
estudo foi apresentado no 2º Congresso Brasileiro de Pesquisa, realizado em São
Paulo na semana passada. Os resultados da pesquisa realizada com 2.001 pessoas
em janeiro respondem à pergunta. Fica claro que a maioria dos eleitores
brasileiros tolera algum tipo de corrupção por parte de seus representantes ou
governantes eleitos.

O estudo revela também que a transgressão de leis
para obter benefícios materiais pessoais é praxe na sociedade. Essas infrações
ocorrem na sociedade como um todo. “A pesquisa é provocativa”, admite Sílvia. “É
importante deixar de demagogia e parar para pensar no que é preciso fazer para
aumentar a ética no país”.

Cada um se acha melhor do que
todos

Há alguns componentes interessantes. Apesar de amplamente
disseminada na sociedade, a tolerância à corrupção é menor entre as mulheres, os
mais velhos e os de menor escolaridade. Pessoas da região Norte ou Centro-Oeste
são mais rígidas (não cometeriam qualquer irregularidade) do que as do Sudeste
(um pouco mais tolerantes que a média).

A pesquisa listou 13 atos de
corrupção política:

1) Escolher familiares ou pessoas conhecidas para
cargos de confiança;
2) Mudar de partido em troca de dinheiro ou
cargo/emprego para familiares/pessoas conhecidas;
3) Contratar, sem
licitação, empresas de familiares para prestação de serviços públicos;
4)
Pagar despesas pessoais não autorizadas (como compras no cartão de crédito ou
combustível) com dinheiro público;
5) Aproveitar viagens oficiais para lazer
próprio e de familiares;
6) Desviar recursos das áreas de saúde e educação
para utilizar em outras áreas;
7) Aceitar gratificações ou comissões para
escolher uma empresa que prestará serviços ou venderá produtos ao governo;
8)
Usar “caixa 2” em campanhas eleitorais;
9) Superfaturar obras públicas e
desviar o dinheiro para a campanha eleitoral do político;
10) Superfaturar
obras públicas e desviar o dinheiro para o patrimônio pessoal/familiar do
político;
11) Deputado ou Senador receber dinheiro de empresas privadas para
fazer e/ou aprovar leis que as beneficiem;
12) O político contratar
“funcionários fantasmas”, ou seja, pessoas que recebem salários do poder público
sem trabalhar e ele ficar com esse dinheiro;
13) Trocar o voto a favor do
governo por um cargo para familiar ou amigo;

Os entrevistados tinham de
avaliar essas ilegalidades, indicando quais eram consideradas graves e
inaceitáveis. Depois, tinham de analisar cada uma, revelando a percepção que têm
da incidência da prática desses atos ilícitos por três categorias distintas:
políticos ou governantes, pelos brasileiros e pelo próprio entrevistado.

Em cada caso, eram obrigados a classificar ainda o nível em que os atos
seriam cometidos. As opções eram três:

1) “Por todos ou pela maioria”,
“Sempre ou algumas vezes”;
2) “Por uma minoria” e “Só se não tivesse outro
jeito”;
3) “Por nenhum” ou “Não faria de jeito nenhum”.

Quanto mais
longe do entrevistado, maior a incidência de percepção de um comportamento
corrupto. Ou seja, os pesquisados têm uma auto-imagem melhor do que têm dos
brasileiros em geral. E políticos são vistos de forma extremamente negativa.
“Mas isso é um fenômeno mundial”, alerta Sílvia. “E ocorre em qualquer tema. As
pessoas tendem a se ver de forma mais positiva. É uma espécie de defesa
psicológica”.

Para os entrevistados, 100% dos políticos e governantes
cometeriam ao menos um dos 13 atos de corrupção. É o mesmo percentual para
brasileiros. Mas 75% dos entrevistados transgrediriam algum dos 13 itens
listados como atos de corrupção. Isso significa que apenas um em cada quatro
brasileiros afirma que não cometeria a ilegalidade.

Tais dados, segundo o
estudo, ilustram numericamente a percepção de que “todos os políticos
brasileiros são corruptos, mas infelizmente também parecem indicar que a falta
de ética não atinge de forma grave somente a classe política
brasileira”.

Os entrevistados têm uma reação dúbia à corrupção. Ao mesmo
tempo em que condenam as irregularidades, reconhecem que cometeriam atos
ilícitos se tivessem oportunidade. Um exemplo: 78% consideram inaceitável
aproveitar viagens oficiais para lazer próprio e de familiares. Mas o percentual
dos que afirmam que não fariam isso é bem menor: apenas 57%.

Em geral,
as transgressões ligadas a familiares e amigos são vistas com maior
condescendência – 43% dos entrevistados não consideram grave escolher familiares
para cargos de confiança. E quatro em cada dez entrevistados fariam isso se
pudessem.

“Ao mesmo tempo em que dizem ter vergonha de seus
representantes pela forma como tratam a coisa pública, alguns admitem que
votariam em candidatos que lhe oferecessem vantagens pessoais”, diz o estudo.
Como diria Rochefoucauld, a hipocrisia é uma homenagem que o vício paga à
virtude.

Ilegalidades cotidianas

Antes de abordar a
corrupção política, a pesquisa verificou a incidência de práticas de
irregularidade no dia-a-dia da população. Era a maneira de ligar a ética
cotidiana com a do ambiente político. Também foram usados 13 itens, e com
recorte semelhante à outra parte do trabalho. O entrevistado dizia se já cometeu
alguma das transgressões listadas, se “pessoas conhecidas” tinham praticado as
mesmas ilicitudes e se achava que “os brasileiros em geral” praticam tais
desvios.

As treze ilegalidades são as seguintes:

1) Quando tem
oportunidade, tenta dar uma “caixinha” ou “gorjeta” para se livrar de uma
multa;
2) Sonega impostos;
3) Recebe benefícios do governo, sabendo que
não tem direito a eles;
4) Adquire documentos falsos ou falsifica documentos
para obter algum tipo de vantagem (exemplo: identidade, carteira de motorista,
carteirinha de estudante, diploma etc);
5) Quando tem uma oportunidade, pede
mais de um recibo por um mesmo procedimento médico para obter mais reembolso do
plano de saúde;
6) Compra produtos que copiam os originais de marcas famosas
sabendo que são piratas ou falsificados;
7) Quando tem uma oportunidade, faz
ligação clandestina ou “gato” de TV a cabo, ou seja, aproveita a instalação do
vizinho;
8) Quando tem uma oportunidade, faz ligação clandestina ou “gato” de
água ou luz;
9) Se tem chance, pega ou consome produtos em padarias,
supermercados ou outros estabelecimentos comerciais sem pagar;
10) Apresenta
atestados médicos falsos no trabalho ou na escola;
11) Se tem seguro de carro
ou de qualquer outro tipo, quando tem uma oportunidade, frauda o seguro;
12)
Compra algo sabendo que é roubado;
13) Falsifica atestado de saúde ou
apresenta atestado de saúde falsificado para conseguir aposentadoria
precoce;

Mais uma vez, o entrevistado acha que comete menos
irregularidades do que as pessoas que lhe são próximas. E tem a visão de que os
brasileiros em geral (ou seja, o “outro”, que não lhe é tão próximo) são bem
mais transgressores. Um exemplo: 40% dos entrevistados nunca compraram produtos
que copiam os originais de marcas famosas, mesmo sabendo que são falsificações.
Mas eles dizem que apenas 11% dos seus conhecidos tiveram o mesmo comportamento.
E acreditam que míseros 2% dos brasileiros nunca fizeram algo
parecido.

Antes de iniciar o trabalho, havia uma suposição entre os
pesquisadores de que a maioria dos brasileiros tinha algum tipo de desvio ético
e tolerava a corrupção. O estudo confirmou isso. Embora se considere
razoavelmente honesto, o eleitor pratica ou aceita uma diversidade de
transgressões à lei no seu cotidiano. E é claro que, quanto mais ilegalidades o
eleitor cometer ou aceitar no seu dia-a-dia, mais tolerante ele tende a ser com
os atos de corrupção no Congresso.

Mídia paternaliza
eleitores

Por isso, episódios como a dancinha da deputada petista
Ângela Guadaligni no plenário da Câmara, comemorando a absolvição de um colega
envolvido no esquema do mensalão, não devem chocar tanto o eleitor comum quanto
chocou a imprensa.

Aliás, é curioso que a mídia, que cumpre um papel de
mediador entre a classe dirigente e a sociedade, demonstre tanta indignação com
casos de corrupção se, como mostra a pesquisa, os dois extremos dessa relação
não lhe dão tanta importância.

Sílvia diz que a opinião pública aceita, e
até espera, esse discurso por parte da mídia. Mas o comportamento é bem
diferente. Ela acha que, embora a ética seja um valor absoluto, a maioria não vê
dessa forma. As pessoas enxergam com gradações, em que é possível ser mais ou
menos ético.

“Há uma tendência da mídia em paternalizar o eleitor”, diz
Sílvia. Como se o cidadão fosse uma vítima da falta de ética de suas elites. Mas
o estudo rejeita completamente essa vitimização do eleitor. Ele é cúmplice e se
identifica com boa parte das transgressões cometidas.

Mesmo que a
pesquisa trace um retrato bastante duro da classe política na ótica do eleitor.
Entre os entrevistados (uma amostra nacional representativa do
eleitorado):

82% acreditam que a classe política é desonesta;
73%
acham que é preguiçosa;
87% acreditam que agem pensando somente em benefício
próprio;
28% crêem que, após as CPIs, o Brasil será um país mais honesto (56%
acham que continuará a mesma coisa).

Mas isso não deve fazer muita
diferença na próxima eleição. Após a pesquisa, e com a experiência acumulada
como diretora de um dos maiores institutos de opinião do país, Sílvia acredita
que o escândalo do mensalão não afetará a forma de a população votar. A
tendência é de que não ocorra uma grande renovação política. E a questão ética
não será, naturalmente, o tema principal da campanha. “Pode até ser, mas será
preciso um esforço muito grande de quem quiser usar isso.” No rescaldo do
escândalo, ela avalia que o “timing” para fazer alguma mudança já passou. “A
impressão é de que ficou o dito pelo não dito.”

Entre os motivos para
isso, ela lista alguns. Acha que as responsabilidades ficaram difusas. Quem
tinha uma prática diferente não mostrou isso. E, desta vez, a figura do
presidente não ficou no centro da polêmica, como ocorreu com Fernando Collor.
Além disso, ainda há uma identificação muito grande do eleitorado com Lula.
“Certamente, seria mais difícil de perdoar outro político”, acredita
Silvia.

Infelizmente, entre os mandatos dos dois presidentes, aumentou a
desilusão com os rumos políticos. A esperança de que o Brasil se torne um país
mais honesto diminuiu. Em 1992, no auge do processo contra Collor, 44% achavam
que sairíamos melhor. Hoje, a despeito das inúmeras CPIs, esse índice é de
28%.

Até por isso, Silvia admite que é possível haver um aumento do voto
nulo entre os eleitores de escolaridade mais alta e os formadores de opinião,
até mesmo nas camadas mais populares. Seria um voto de protesto com a desilusão
causada pelo comportamento do PT, que era visto por muitos como o último bastião
de honestidade. “Afinal, se todos são iguais mesmo, o que fazer?”, questiona-se
o eleitor.

Mas ela acha que o eleitor será pragmático. As razões do voto
serão ditadas pelos benefícios que cada um poderá receber. E a visão do que é
melhor para o país dependerá da ótica que cada um tem do Brasil e será filtrada
pelos próprios interesses. “Seria utópico achar que as pessoas votam pensando no
interesse coletivo.”

http://nominimo.ibest.com.br/notitia/servlet/newstorm.notitia.presentation.NavigationServlet?publicationCode=1&pageCode=54&textCode=21606&date=currentDate&contentType=html

Quem quiser mais detalhes, poderá consultar o site
do Ibope Opinião, que publicará toda a pesquisa em breve.

Categorias:Pense Direito

Sem sexo não há casamento!!!

A ver navios

Casamento é anulado porque mulher recusou sexo

Recusar relacionamento sexual com o marido, sem esclarecer o
motivo, viola deveres da vida em comum e consideração com o cônjuge, afetando o
princípio da dignidade da pessoa humana e de sua imagem. A recusa é motivo para
a anulação do casamento.

Esse foi o entendimento da 7ª Câmara Cível do Tribunal de Justiça
do Rio Grande do Sul que, por maioria, atendeu a apelação do marido e do
Ministério Público contra sentença que julgou improcedente a Ação Anulatória de
Casamento em primeira instância.

O MP alegou não ter ficado esclarecido o motivo pelo qual a esposa
se recusava a manter relações sexuais com o marido. Argumentou que a negativa
poderia decorrer de problemas físicos ou mentais, ou mesmo da vontade da mulher,
o que dá causa à anulação do casamento nos termos do artigo 1.557, incisos I,
III ou IV, do Código Civil. Sustentou ser injusto sujeitar o cônjuge ao status
de separado ou divorciado, com as conseqüências patrimoniais decorrentes.

O marido declarou que a rejeição era contínua, desde a noite de
núpcias. Manifestou que a relação sexual integra a vida em comum, não aceitando
a omissão da esposa, que poderia ter declarado antes do casamento que não queria
relações sexuais. O marido afirmou que a recusa injustificada caracteriza erro
essencial quanto à pessoa, conduzindo à anulação do casamento.

A mulher declarou que a abdicação às relações sexuais não afeta os
planos de existência, validade e eficácia do matrimônio. Disse que as partes
coabitaram por quase um ano, e acredita que o casamento fracassou por
incompreensão do marido, que deveria ter procurado superar o problema em
conjunto ou recorrer à separação judicial ou ao divórcio.

No entanto, os argumentos da mulher não foram aceitos pelo
desembargador José Carlos Teixeira Giorgis, relator do recurso. “Entre outras
garantias, o respeito à intimidade, à vida privada, à imagem e à reputação, os
deveres da fidelidade recíproca, da vida comum sob o mesmo teto, obrigações a
que se comprometem os cônjuges, conforme o artigo 1.566, incisos I, II e V, do
Código Civil”.

Constatou ainda que houve a ruptura do laço afetivo e o casal
encontra-se em desavença, fato que torna insuportável a vida em comum. Ele
decidiu pela anulação do casamento com apoio no artigo 1.577, inciso I, do
Código Civil, reformando a decisão de primeira instância.

Para a desembargadora Maria Berenice Dias, que foi voto vencido, a
negativa de contato sexual não configura erro essencial a ensejar a anulação do
casamento. “Reconhecer a obrigação de contatos sexuais acabaria por impor a
existência do direito à vida sexual, o que estaria chancelando a violência
sexual e até a prática de estupro na busca do exercício de um direito”,
ponderou.

Processo: 70010485381

Leia a íntegra do acórdão

Vistos, relatados e discutidos os autos.

Acordam os Desembargadores integrantes da Sétima Câmara Cível do
Tribunal de Justiça do Estado, por maioria, dar provimento ao apelo, vencida a
Presidente.

Custas na forma da lei.

Participou do julgamento, além dos signatários, o eminente Senhor
DES. LUIZ FELIPE BRASIL SANTOS.

Porto Alegre, 13 de julho de 2005.

DES. JOSÉ CARLOS TEIXEIRA GIORGIS,

Relator.

DESA. MARIA BERENICE DIAS,

Presidente – Voto vencido.

RELATÓRIO

DES. JOSÉ CARLOS TEIXEIRA GIORGIS (RELATOR)

Cogita-se de recursos de apelação interpostos pelo Ministério
Público e por CAL, eis que insatisfeitos com a sentença que julgou improcedente
a Ação Anulatória de Casamento, promovida por CAL em face de OAL, para o fim de
indeferir o pedido do autor e condená-lo ao pagamento das custas processuais e
honorários advocatícios, fixados estes em R$ 800,00, suspensa a exigibilidade em
face da gratuidade judiciária concedida à parte (fls. 17-23).

DO APELO MINISTERIAL

O agente ministerial de primeiro grau inconforma-se com a decisão,
referindo não ter ficado esclarecido o motivo pelo qual a apelada recusa-se a
manter relações sexuais com o marido. Narra que o casal convolou núpcias em
setembro de 2002, não tendo havido a consumação ante a recusa injustificada da
mulher. Argumenta que a negativa pode decorrer de problemas físicos ou mentais,
ou mesmo da vontade do cônjuge, o que dá causa à anulação do casamento nos
termos do artigo 1.557, incisos I, III ou IV, do Código Civil. Menciona que o
relacionamento sexual é natural no casamento e esperado pelo homem comum, embora
os cônjuges possam optar por um casamento sem relacionamento sexual. Salienta,
no entanto, que para isso deve haver plena concordância do outro, o que, na
hipótese dos autos, não houve. Alega que a recusa injustificada da recorrida ao
ato sexual causou perplexidade ao marido, na medida em que foge aos parâmetros
previsíveis do casamento, não se tratando de uma conduta costumeira. Assinala
que os fatos preexistentes, de natureza psíquica, ignorados ou despercebidos por
um dos parceiros, não conduzem ao desfazimento do casamento pela separação ou
pelo divórcio, porquanto não se cogita culpa. E entende injusto sujeitar o varão
ao status de separado ou divorciado, com as conseqüências patrimoniais daí
decorrentes. Pugna pelo provimento do recurso, para ver julgada procedente a
demanda (fls. 26-38).

DO APELO DE CAL

Aduz o recorrente que não se trata de eventuais recusas pela
apelada à mantença de relações sexuais, mas, sim, de uma recusa contínua desde a
noite de núpcias, o que sequer foi contestado pela recorrida. Salienta que se
soubesse previamente da opção da mulher em negar-se ao ato sexual, não teria
casado com ela. Argumenta que a relação sexual integra a vida em comum, não
aceitando a omissão da recorrida, que poderia ter declarado antes do casamento
sua negativa às relações sexuais. Diz que a recusa injustificada caracteriza
erro essencial quanto à pessoa, conduzindo à anulação do casamento. Pretende a
reforma da sentença para ser julgado procedente o feito (fls. 41-43).

A recorrida oferta contra-razões, alegando que a recusa às
relações sexuais não afeta os planos de existência, validade e eficácia do
matrimônio. Menciona que as partes estão casadas há quase um ano, período em que
houve coabitação. Diz que a exordial não faz qualquer referência a erro
essencial quanto à pessoa, sendo que o motivo da presente demanda seria o
descumprimento de uma obrigação matrimonial e não o erro. Afirma que a ausência
de relações sexuais não se enquadra nas hipóteses previstas no artigo 1.557 do
Código Civil. Relata que, caso fosse considerada a hipótese de erro essencial,
caberia ao apelante provar a sua ignorância quanto ao problema da esposa, o que
não foi feito. Assevera ter o casamento fracassado em razão da incompreensão do
varão, que deveria ter procurado superar o problema juntamente com a esposa,
cabendo-lhe recorrer à separação judicial ou ao divórcio, se desejasse a
dissolução. Pugna pelo improvimento de ambos os apelos (fls. 45-49).

A douta procuradora de Justiça manifesta-se pelo conhecimento e
provimento de ambos os recursos, para o fim de ver decretada a anulação do
casamento contraído pelas partes (fls. 52-59).

Foi cumprido o disposto no artigo 551, § 2º, do Código de Processo
Civil.

É o relatório.

VOTOS

DES. JOSÉ CARLOS TEIXEIRA GIORGIS (RELATOR)

O autor propôs anulação de casamento, informando ter o matrimônio
ocorrido em 27.09.02. A ação foi intentada um ano após.

Narra que desde a noite de núpcias e durante a coabitação ânua, a
requerida se nega ao preito sexual, sem mencionar qualquer motivo, embora tenha
se emprenhado em demovê-la, pois perfeitamente saudável e apta para o congresso
íntimo.

O pedido fundamentou-se no erro essencial e a demandada, na
contestação, ateve-se apenas a rechaçar a classificação jurídica da pretensão
posta.

Embora a douta Promotora tenha se manifestado pela ouvida do
autor, perícia médica e coleta de prova, o magistrado optou em ditar a sentença,
entendendo ser caso de julgamento antecipado, por matéria exclusivamente
jurídica. E julgou a ação improcedente, porque a recusa ao débito conjugal, que
equivale ao inadimplemento de uma obrigação contratual, não se constitui em erro
essencial, não se enquadrando nas previsões do artigo 1.557, CC, como ocorre com
a infidelidade, causa somente da separação ou do divórcio.

Tanto o Ministério Público, como o autor, apelam da decisão.

As contra-razões apenas insistem no descabimento da ação,
sublinhando, em síntese, que “não são as relações sexuais a essência do
casamento, nem pressuposto para que seja julgado válido” (fl. 46).

A leitura das hipóteses que cuidam da anulação do casamento, por
erro essencial, aparenta registrar uma relação clausulada de hipóteses, de modo
a constituir um sistema fechado que não admite a inclusão de outras situações,
como a negativa ao preito carnal, de que se cogita nestes casos (a respeito, APC
70006550073, Rel. Des. Luiz Felipe Brasil Santos, j. 20.08.03). Todavia, são
numerosos os repertórios jurisprudenciais que tratam de introjetá–lo como causa
para a anulação do casamento.

É verdade que há certa dificuldade em considerá-la como “a
ignorância, anterior ao casamento, de defeito físico irremediável, ou de
moléstia grave e transmissível, pelo contágio ou herança, capaz de por em risco
a saúde do outro cônjuge ou de sua descendência (CC, art. 1557, III)”, tal como
fez a inicial, pois “defeito” nenhum se logrou demonstrar, ante a Corte
judicial, a qualquer tipo de avaliação médica. Melhor examinar a pretensão como
elemento que diga com a “identidade do outro cônjuge”, erro que torna
“insuportável a vida em comum”, como prevê o inciso I da regra indicada.

Há julgados que desaconselham considerar o pagamento do débito
conjugal com a forma de erro essencial capaz de invalidar o matrimônio (RT
119/658), mas a corrente majoritária assim se inclina em considerar (Sílvio
Rodrigues, “Direito Civil. Direito de família”, ed. Saraiva, 2002, v. 6,
p.104).

Disse o Tribunal paulista que “o cônjuge que inicial e
obstinadamente se recusa de modo peremptório e absoluto a pagar o débito
conjugal, jamais manifestou a vontade de casar, quis, apenas, com o ato
matrimonial, realizar qualquer outra coisa, que não pode ser havida como
casamento, em seu sentido jurídico”, aqui se sinalizando que a inclusão da
hipótese como erro essencial, foi a persuasão de que a vida em comum se tornara
insuportável para o cônjuge assim ludibriado, que se via privado de comércio
sexual com que tinha o direito de contar (RT 204/188).

Por outro lado, deve-se considerar que a infração do dever de
coabitação pela recusa injustificada à satisfação do débito conjugal, constitui
injúria grave, que implica em ofensa à honra, à respeitabilidade, à dignidade do
outro consorte, podendo levar à separação judicial (Maria Helena Diniz, “Curso
de Direito Civil Brasileiro. Direito de Família”. Editora Saraiva. 5º volume, p.
127)

Para Washington de Barros Monteiro, se embora convivendo sobre um
mesmo teto, um dos cônjuges se furta ao debitum conjugale, sem motivo plausível,
isso ampara a separação judicial (“Curso de Direito Civil. Direito de Família”,
Editora Saraiva, v. 2, p. 209, 1997).

Inácio de Carvalho Neto observa que a recusa ao ato sexual, como
infração ao débito conjugal, ocasiona, freqüentemente, sérios problemas
psicológicos na vítima, não se discutindo ser o ato sexual uma necessidade
fisiológica, mas sua falta causa inúmeros distúrbios. Para o autor, aquele que
injustamente se recusa ao ato sexual, além de dar causa à separação culposa, por
infração ao dever de vida em comum no domicílio conjugal, está também praticando
ato ilícito, podendo ser obrigado a reparar eventuais danos ocasionados ao seu
consorte (“Responsabilidade Civil no Direito de Família”, Editora Saraiva, 2002,
p. 329).

Vislumbrando o fato como “dano moral imediato”, na linha dos
direitos francês, português e argentino, Regina Beatriz Tavares da Silva, também
considera que a recusa da satisfação do débito sexual, como um dos pressupostos
do dever de coabitação, atinge a esfera da personalidade do cônjuge lesado,
causando-lhe sofrimento (“Reparação civil na separação e no divórcio”, Editora
Saraiva, 1999, p. 157).

Isso conduz à conclusão inicial de que o débito conjugal é
pressuposto do dever de coabitação, aqui estando implícito o dever dos cônjuges
manterem entre si as correspondentes relações sexuais, tanto que muitos autores
entendem a referência do Código Civil à vida em comum, na verdade significa
referência ao próprio débito conjugal (Carvalho Leite, ob. cit., p. 115).

Carvalho dos Santos alude que a regra da coabitação é
principalmente física, vivendo os cônjuges sob o mesmo teto, para melhor poderem
cumprir seus deveres conjugais, mesmo porque a palavra é empregada também como
eufemismo para aludir ao exercício efetivo das relações sexuais entre os
cônjuges (in Carvalho Leite, ob.cit., p. 115).

Ao contrário pensa Arnaldo Rizzardo, para quem a prática do sexo
não pode se incluir no rol dos deveres conjugais, nada mais sendo a negativa de
relacionamento que mero efeito de causas mais profundas de várias ordens
(“Separação e Divórcio”. In Direito de Família Contemporâneo. Coordenador
Rodrigo da Cunha Pereira. Del Rey, 1997, p. 450).

Contudo, como disse o Des. Ivan Leomar Bruxel, dentre as
finalidades do casamento, evidentemente está o relacionamento sexual, embora
ninguém case só para isso, mas case também para isso (AC 596241422, Oitava
Câmara Cível, j. 13.02.97).

O casamento é um contrato entre homem e mulher que, para a
legislação canônica, objetiva a perpetuação da espécie, mas como instituição
também significa a partilha da vida, a constituição de família, o auxílio
mútuo.

Como alude Regina Beatriz Tavares da Silva, que tem elaborado
sobre o tema exame original, com a finalidade de proteger a dignidade da pessoa
em suas relações de casamento e de união estável, são estabelecidos deveres aos
cônjuges e aos companheiros, por meio de normas de ordem pública, de molde a
contribuir para a manutenção harmoniosa do vínculo familiar; e quando tais
deveres são descumpridos, graves danos sofre o lesado, que tem direito à
reparação, como acontece diante da prática de ato ilícito nas demais relações
jurídicas.

A satisfação do instinto sexual é uma necessidade fisiológica e
como no casamento e união estável as relações são monogâmicas, impõe-se entre os
consortes a fidelidade e lealdade, razão porque a recusa reiterada e injuriosa à
manutenção do relacionamento sexual acarreta descumprimento do dever de respeito
à integridade psicofísica e à auto-estima, nos termos dos artigos 1.566, V e
1.724, do Código Civil de 2003 (“Débito Conjugal”. Em afeto, ética, família e o
novo Código Civil. Del Rey/IBdFam, 2004, p. 536-7).

A lei fundamental brasileira erigiu como maior valor do
ordenamento o princípio da dignidade da pessoa humana (CF, art. 1º, III) e,
entre outras garantias, o respeito à intimidade, à vida privada, à imagem, e à
reputação, a quem prestam veneração os deveres da fidelidade recíproca, da vida
comum sob o mesmo teto, o respeito e a consideração mútuos, obrigações a que se
comprometem os cônjuges (CC, artigo 1.566, I, II e V).

A recusa ao relacionamento sexual, impropriamente denominado de
“débito”, por influência das Cartas de São Paulo, é uma violação dos deveres de
vida em comum e do respeito e consideração entre os casados.

A jurisprudência local conforta o entendimento, quando alude que a
não consumação do casamento em vista de repulsa de um dos cônjuges em relação ao
outro, caracteriza impotência para o ato sexual e constitui erro essencial capaz
de autorizar a anulação do casamento (Sétima Câmara Cível, AC 596.122.812, Rel.
Des. Paulo Heerdt, j. 20.12.96).

A recusa, juridicamente, se assemelha à inaptidão para o coito,
porque o casamento é uma relação pessoal, de modo que o preenchimento de sua
finalidade deve ser possível entre marido e mulher (Quarto Grupo Cível, EI nº
70001036425, Rel. Des. Luiz Felipe Brasil Santos, j. 10.11.00).

Importante sublinhar que o erro essencial, como pressuposto de
anulação, deve ser de tal ordem que, se conhecido antes das núpcias estas não
seriam realizadas (Sétima Câmara Cível, AC 598251346, de minha relatoria).

Como revelam os autos, eis que a alegação da inicial resta
confortada pelo silêncio da apelada na contestação – que se ateve somente em
rechaçar a impropriedade do fundamento legal – a circunstância era ignorada pelo
apelante, e sua descoberta depois do matrimônio tornou insuportável a vida em
comum para o consorte enganado (Sétima Câmara Cível, Reexame necessário nº
70000748707, de que fui relator, j. 07.06.00).

Lembro que a tese já foi adotada nesta Corte, quando se disse que
a negativa das relações sexuais, verificada logo após o casamento, é motivo para
sua anulação (Oitava Câmara Cível, AC 596241422, Rel. Des. Sérgio Gischkow
Pereira, j. 13.02.97).

No caso concreto, a apelada aderiu à posição da exordial, quando
deixou de contrariá-la, tanto na contestação como nas contra-razões.

Isso posto, em busca da efetividade, cônscio de que houve a
ruptura do laço afetivo, que o casal já se encontra desavindo e que o fato torna
insuportável a vida em comum, e de que a conduta feminina afetou a dignidade e a
imagem de seu consorte, em vista de erro sobre sua identidade psicofísica, dou
provimento para anular o casamento, com apoio no artigo 1.557, I, do Código
Civil vigente. Inverto a sucumbência.

DES. LUIZ FELIPE BRASIL SANTOS (REVISOR) – De acordo.

DESA. MARIA BERENICE DIAS (PRESIDENTE)

Rogo vênia aos eminentes colegas, mas ouso divergir. De primeiro
não conheço do recurso manejado pelo Ministério Público pois não detém
ilegitimidade para o recurso. Nem a preservação do vínculo do casamento
necessita ser defendido pelo Estado, muito menos a sua anulação. A participação
do agente ministerial decorre da natureza da ação, ou seja, por se tratar de
ação de estado, o que não lhe defere legitimação extraordinária para agir como
representante da parte.

Ainda que atue na ação como custos legis, não tem legitimidade
para recorrer buscando a desconstituição do casamento. Quanto ao mérito a
sentença de lavra do Dr. Roberto Behrensdorf Gomes da Silva deve prevalecer por
seus lúcidos fundamentos. Cabe lembrar que não somos um tribunal eclesiástico, e
é o Código Canônico e não o Código Civil que reconhece a prática sexual como
elemento essencial do casamento. É que a ausência do congresso carnal vai contra
a máxima “crescei-vos e multiplicai-vos”. O casamento não se consuma no leito
conjugal mas quando de sua celebração. A lei civil não impõe o chamado débito
conjugal.

A negativa de contato sexual não configura erro essencial a
ensejar a anulação do casamento. Ao depois, reconhecer a obrigação de contatos
sexuais acabaria por impor a existência do direito à vida sexual, o que estaria
chancelando a violência sexual e até a prática de estupro na busca do exercício
de um direito. Como bem posto na sentença, se a falta de sexo, autorizasse a
anulação do casamento, a falta de afeto ou de fidelidade também deveria ensejar
a desconstituição do vínculo matrimonial. Diante da negativa da mulher caberia
somente a busca da separação e nunca a anulação das núpcias.

De outro lado, como de forma indiscutível quer o autor a
dissolução do casamento, cabível a decretação do divórcio. Já decorreu dois anos
do fim da convivência do casal. Quando da propositura da ação, em setembro de
2003, afirma o autor que haviam deixado de coabitar há mais de um ano. Assim,
cabível invocar o disposto no art. 462 do CPC e decretar o divórcio. Nesses
termos voto pelo desprovimento do apelo e conseqüente decretação do divórcio das
partes, resultado que não deita reflexo nos encargos sucumbenciais.

DESA. MARIA BERENICE DIAS – Presidente – Apelação Cível nº
70010485381, Comarca de Guaíba: "POR MAIORIA, DERAM PROVIMENTO AO APELO, VENCIDA
A PRESIDENTE."

Julgador(a) de 1º Grau: ROBERTO BEHRENSDORF GOMES DA SILVA

Revista Consultor Jurídico, 27 de março de 2006

Categorias:Pense Direito

Tom Cruise contra “South Park”

Segunda-feira, 27 de

março de 2006


Tom Cruise contra “South Park”


Tania Menai, de Beverly
Hills

Divulgação
Cruise no mundo de ‘South
Park’: ator aparece dentro de armário

27.03.2006 |  Cartunistas e religiosos andam mesmo em pé de guerra. Depois da
charge estampada em um jornal dinamarquês que mostra Maomé com uma bomba no
turbante – e provocou rebuliços no mundo muçulmano –, a batalha da vez é entre o
ator Tom Cruise, fervoroso seguidor da Cientologia, e pessoal do desenho animado
“South Park”, produzido no Canadá. Diz-se por aqui que a estrela hollywoodiana
ameaçou até não participar da divulgação de seu mais novo filme, “Missão
Impossível 3”, se reprisarem o episódio do desenho que brinca com a religião
dele. A cientologia não é a primeira e talvez não seja a última religião que
“South Park” satiriza. Dessa turma, escrachadamente venenosa, nem Jesus escapa.

Acontece que, além das sátiras à cientologia, “South Park” alfineta
ainda a sexualidade do ator, mostrando uma cena em que ele entra no armário e de
lá não sai por nada no mundo. O desenho mostra uma multidão aglomerada na porta da casa de
Tom e um policial que fala em um megafone: “Tom, você pode sair do armário.
Ninguém ficará zangado com você. Saia daí.”. Nada de Tom sair. Chega, então,
Nicole Kidman, bate na porta do armário e perde a paciência: “Tom, você não está
enganando ninguém. Saia já.”

O episódio não foi reprisado, mas os
diretores mandaram o seguinte recado: “Então, cientologia, você pode ter
ganho ESTA batalha, mas a guerra de milhões de anos pela Terra apenas
começou…você nos obstruiu por ora, mas a sua aposta medíocre para salvar a
humanidade vai falhar!”
. E ainda assinaram: “Trey Parker e Matt Stone,
servos do escuro deus Xenu”
, referência a um líder que governava as galáxias
há 75 milhões de anos. Crença da religião, é claro.

“South Park” perdeu
ainda o cantor de soull Isaac Hayes, também seguidor da cientologia. Ele
fazia a voz do personagem Chef e diz que largou o programa “por eles
ridicularizarem comunidades religiosas inapropriadamente”. O curioso é que tanto
a Paramount, que produz “Missão Impossível 3”, quanto o canal Comedy Central,
que veicula “South Park”, pertencem à mesma empresa – a Viacom. Segundo a
imprensa americana, nenhuma confirma que a retirada do episódio do ar tenha sido
forçada por Tom Cruise.

Freud não explica

A Igreja de
Cientologia, religião fundada na década de 50 do século passado pelo escritor de
ficção científica L. Ron Hubbard (1911-86), sempre deu o que falar. Já em 1981,
a revista “Time” contou, em reportagem de capa, que um jovem de 24 anos havia se
suicidado, jogando-se do décimo andar do hotel Milford Plaza, em Nova York, com
os 171 dólares que lhe restavam depois de entrar para a igreja.

Inúmeros
relatos de falências provam que fiéis acabam doando o que têm e o que não têm
nas sessões que prometem curar problemas por meio de exercícios mentais. Eles
crêem em espíritos chamados tethans, nascidos na mente de Hubbard. Aqui,
Freud não tem vez. A cientologia é contra os tratamentos psiquiátricos ou
psicanalíticos. Os seguidores também rejeitam a quimioterapia e até os remédios
que amenizam as dores do parto.

Em 1983, onze líderes religiosos,
incluindo a esposa de Hubbard, foram presos por conspiração. O mais curioso é
que quando Hubbard faleceu, de derrame, a autópsia indicou doses do calmante
Vistaril em seu sangue. Diz-se que no Brasil a religião aportou em 1994 – mas
não pegou como nos Estados Unidos ou na Europa. Talvez os brasileiros não possam
encarar as cifras exorbitantes que a cientologia suga de seus interessados. Ou
talvez seja difícil para qualquer igreja competir com o bispo Edir Macedo.

No ano passado, a atriz Brooke Shields foi atacada por Tom Cruise depois
de contar em seu livro “Down come the rain” que usou antidepressivos para se
curar de depressão pósparto. A mulher é dele tem com que se preocupar. Revistas
americanas já começam a especular que o nascimento do bebê da atriz Katie
Holmes, noiva de Tom, daqui a algumas semanas, será sem anestesia. Há mais um
pequeno detalhe: para que a criança chegue ao mundo em clima de harmonia, a mãe
não tem direito sequer a berrar de dor. O religião do pai sugere ainda que mãe e
bebê sejam separados logo após o parto. Segundo Hubbard, nada de banho, carinhos
ou chamegos no primeiro dia de vida. Basta enrolar a criança num cobertor branco
e deixá-la sozinha. Coisa que mamífero nenhum compreenderia.

Nem os
jornalistas escapam

A cientologia domina a vida de Tom Cruise. Depois
que ele contratou a própria irmã mais velha, Lee Anne DeVette, como assessora de
imprensa, qualquer jornalista que deseje entrevistá-lo deve participar de um
tour de cinco horas ininterruptas pelos estabelecimentos da religião, em Beverly
Hills. Inclui-se na esta repórter de NoMínimo. “A imprensa mundial tem
interpretado mal a religião; por isso, nosso dever é esclarecer as dúvidas”,
prega Lee Anne, que age independentemente dos estúdios de cinema para os quais
Tom trabalha.

O tour é marcado com antecedência pelo telefone – jamais se
cita a palavra cientologia. Ao ligar para cada jornalista, uma simpática voz se
apresenta como assistente de Lee Anne, marca o horário e providencia o
transporte. Feito um dia antes da entrevista com ele, “o tour serve para que os
jornalistas já saibam sobre a religião antes de falar com Tom”. A iniciativa tem
deixado os executivos dos estúdios muito sem jeito, mas não há nada que eles
possam fazer.

No meu caso, deixei Nova York, onde vivo, na véspera do
encontro – o vôo entre as duas cidades dura cerca de seis horas. Às 11 da manhã
de uma quinta-feira, um simpático motorista russo, contratado pelo escritório de
Lee Anne, me encontrou na porta do hotel, em Beverly Hills. Quarenta e cinco
minutos depois, ele me deixou no Celebrity Centre, em Hollywood. Com ares de palacete, a mansão
foi construída em 1929 para abrigar o hotel Chateau Elysée, que hospedava as
estrelas de cinema da época. Uma vez transformada em centro de cientologia, a
mansão era usada por Hubbard, autor de dezenas de livros, incluindo o
best-seller “Dianética”,sobre sua nova filosofia de saúde mental, origem
da religião.

Ao anunciar meu primeiro nome, reparei que a recepcionista
não conseguia pronunciá-lo; problema que, claramente, nada tinha a ver com a
barreira da língua. Depois da quinta tentativa, pedi a ela apenas que avisasse a
Lee Anne que a “repórter do Brasil” estava lá. Simpática, sem maquiagem e
vestindo um discreto terno preto, Lee Anne apresentou-me a uma colega francesa,
da igreja, à repórter inglesa que acabara de chegar de Londres e seria minha
companheira de tour, conduziu-nos a uma saleta, serviu-nos uma deliciosa salada,
com o prato sobre o colo, e colocou um DVD de uma hora de duração.

Ouvimos, então, o discurso do principal ministro da religião em uma
festa da gala, na qual se vêem executivos da indústria cinematográfica e atores
como John Travolta na platéia. Ele explica todos os tópicos da religião, como a
importância dada à educação e à filantropia, a guerra declarada à indústria
farmacêutica, às drogas (movimento que eles chamam de narconon) e aos
princípios de psicologia e psiquiatria. Alguns conceitos, se escutados com
superficialidade, fazem algum sentido. Outros, nenhum. “Tudo o que é novo tende
a ser atacado”, diz Lee Anne, acrescentando que a cruz usada na logomarca da
religião antecede a era cristã.

Afinal, estamos em Hollywood

De lá, Lee Anne, sempre sorridente e cortês, guiou-nos pelas
dependências da Igreja, que mais parece um centro cultural. Fomos obrigadas,
então, a ler os textos explicativos de cada pôster e a assistir a cada vídeo nas
televisões de plasma espalhadas pelas paredes; todos bem feitos e bem editados.
Afinal, estamos em Hollywood. Lee Anne plantava-se ao nosso lado, esperando que
lêssemos cada frase. Não dava para enrolar. Mede-se ainda o estresse dos
visitantes numa máquina que lembra um detector de mentiras. Claro, sobrou para
mim.

Segurei duas barras de ferro ligadas a um terminal que mostra um
ponteiro. Uma menina, com um discurso robótico, disse para eu pensar em meus
amigos. Pensei. O ponteiro foi para a esquerda, indicando que aquele pensamento
não me causava estresse. Ela pediu, então, para eu pensar em alguém que me
causasse um pouco mais de estresse. Pensei. De fato, o ponteiro foi para o lado
oposto. Imediatamente, ela perguntou quem era esta pessoa e se eu estava
interessada em tratar daquele problema, naquela hora, na frente da irmã de Tom
Cruise. E ainda tentou me vender um livro de 28 dólares. Não conseguiu. Este
mesmo teste é aplicado pela igreja em plena estação de metrô da Times Square, em
Manhattan, o centro mais nervoso da cidade, onde a probabilidade de se achar
alguém zen é nenhuma.

De lá, subimos para uma sala onde são treinados os
jovens que vão usar esta tal máquina para medir o estresse dos outros. Eles usam
bichos de pelúcia para simular testes. Ursos, leões e Mickeys ligados à tal
máquina são uma cena, no mínimo, surreal. Uma vez formados, estes jovens
conduzirão sessões segundo os ensinamentos da Dianética. A francesa disse que
uma sessão dessas pode custar de 20 a milhares de dólares. Em uma outra sala,
Lee Anne nos mostrou uma imensa tabela pendurada na parede com a indicação dos
diversos estágios seguidos pelos cientologistas. O primeiro é a desintoxicação,
ou eliminação de produtos químicos do corpo. Estranhei a proposta, pois, no
almoço, Lee Anne perguntou se eu preferia Diet Coke ou Sprite.

Depois de
visitar a loja da igreja e recusar as ofertas de DVDs e livros (cujas capas e
ilustrações lembram filmes de ficção científica como “Star Wars” e afins), fui
levada por Lee Anne em seu próprio carro até uma organização, ajudada
financeiramente por Tom, que lida com a questão da anti-psicologia e
anti-psiquiatria. No carro, ela conta que ninguém precisa abandonar sua religião
para filiar-se à cientologia. Agradeci a indireta, dizendo-lhe que “ser judia já
dá um trabalhão…” Ainda brinquei: “Mais do que isso vai além da minha
capacidade”.

Ao chegar à organização, somos recebidas por uma mulher
muito falante, que nos mostra vídeos de reportagens sobre crianças americanas
que cometeram assassinatos ou suicídios sob efeito de drogas, como Zolof e
Prozac. De fato, este assunto tem ganho espaço na mídia americana, incluindo
primeira a página do “New York Times”. Sem querer defender ou atacar as tais
drogas, fiz duas perguntas. A primeira: “Onde estavam os pais que deixaram
crianças sob efeito destas drogas por até sete anos?” A segunda: “Como estas
crianças tiveram acesso a armas?” Fiquei sem respostas.

Depois de uma
volta por uma exposição que condena Freud e a indústria farmacêutica, entramos
novamente no carro de Lee Anne e vamos à sede administrativa da religião, uma
bela casa reformada por voluntários. Foi lá que ela se despediu para recomeçar o
tour com outros jornalistas. Deixou-nos nas mãos de um jovem de fala mansa,
sorriso meigo e texto decorado. Na recepção, reparei um troféu com uma bandeira
do Brasil recebida pela igreja de alguma organização brasileira. Que
“coincidência”.

Tão lindo quanto os sonhos de
adolescência

Nossa visita já durava cinco horas e ainda tínhamos pela
frente mais fotos e textos, uma sala de troféus e outro vídeo de depoimentos.
Depois de doze horas de vôo, derrubada pelo fuso horário, a jornalista inglesa
pedia o fim da peregrinação. Também reclamei. Não adiantou. O jovem de fala
mansa e decorada serviu-nos o jantar, às cinco da tarde e colocou mais um vídeo,
em que Tom Cruise defende a limpeza do ar do Ground Zero, região de Manhattan
onde caíram as Torres Gêmeas.

No vídeo, Tom Cruise conta também que
cresceu achando que tinha dislexia (depois de ter mudado 15 vezes de cidade –
conseqüentemente, de escola – nos primeiros quinze anos de vida) até a Igreja de
Cientologia lhe ensinar que “não era nada daquilo e que crianças não devem ser
taxadas disso ou daquilo”. Como se não bastasse, o rapaz pegou um livro infantil
didático, desenvolvido pela igreja, e nos fez ler com ele. Àquela altura, eu já
estava ligada no piloto automático.

Na saída, ganhamos uma bolsa para
laptop, com uma etiqueta em que consta o nome de Tom Cruise de um lado e o nosso
no outro. Dentro da bolsa, textos e DVDs sobre a religião. Ao ver o carro do
russo me esperando na porta, mergulhei no banco de trás. “Nossa, vocês
demoraram. Faz seis horas que a busquei no hotel!” – espantou-se o russo. “Eu já
tinha até largado o expediente quando me telefonaram para apanhá-la de volta”.
Nem tive forças para responder. Precisava resgatar as energias e a concentração
para a entrevista do dia seguinte.

Horas depois de chegar ao hotel,
recebi a visita da jornalista italiana que, junto comigo, iria entrevistar Tom
Cruise e Steven Spielberg sobre “Guerra dos Mundos”. Ela estava uma pilha de
nervos – acabava de sair do tour. Combinamos de não perguntar nada sobre a
religião. E cumprimos. No dia seguinte, almoçamos com dois repórteres da revista
alemã “Der Spiegel”, nos estúdios da Dreamworks, onde se deu a entrevista. Eles
falaram com Steven e Tom antes de nós. Ao entrarmos na sala de entrevista,
cruzamos com os companheiros de almoço que estavam saindo, com a cara emburrada.
Estranhei.

Nossa entrevista foi acompanhada por Lee Anne e pela RP do
filme. Sim, Tom Cruise é simpático, seu sorriso hipnotiza e ele é tão lindo
quanto as imagens dos meus sonhos de adolescência. Contou que esteve na Amazônia
e que quer passar um carnaval no Rio de Janeiro. Ainda assim, depois da
tentativa de lavagem cerebral, aquele encanto todo não me convenceu totalmente.
Li depois em “The New York Times” que os tais alemães tinham batido boca com Tom
sobre cientologia, em plena entrevista – razão pela qual saíram bufando da sala.
Por mais clichê que possa soar, os experientes jornalistas ainda não tinham
aprendido o básico: sexo, futebol e religião não se discutem. Às vezes, a gente
simplesmente lamenta.

editor@nominimo.ibest.com.br

http://nominimo.ibest.com.br/notitia/servlet/newstorm.notitia.presentation.NavigationServlet?publicationCode=1&pageCode=54&textCode=21558&date=currentDate&contentType=html

Categorias:Organizações

Mais um manifesto contra o gerundismo

A luta vai estar continuando

Foi, provavelmente, a primeira vez que você
me leu. Algum amigo mandou para
sua caixa postal eletrônica um texto que
começava assim:
‘Este artigo foi feito especialmente para que você possa
estar recortando e
possa estar deixando discretamente sobre a mesa de alguém
que não consiga
estar falando sem estar espalhando essa praga terrível da
comunicação
moderna, o futuro do gerúndio’.

Naquele tempo, nem todo
mundo ainda tinha se dado conta de que o português
do Brasil estava sendo
contaminado por um tempo verbal esdrúxulo,
contrabandeado por más traduções
de livros de marketing. A situação era
grave. Se nada fosse feito, em breve
aquilo seria consi- derado correto e
incorporado à gramática
brasuca.

Tratava-se de uma campanha educativa: ‘Mais do que estar
repreendendo ou
estar caçoando, o objetivo deste movimento é estar fazendo
com que esteja
caindo a ficha nas pessoas que costumam estar falando desse
jeito sem estar
percebendo’.

Em tom de manifesto, eu continuava: ‘Nós
temos de estar nos unindo para
estar mostrando a nossos interlocutores que,
sim!, pode estar existindo uma
maneira de estar aprendendo a estar parando
de estar falando desse jeito’.

No fim do mês passado, esse texto fez
cinco anos – o que significa que
estamos já há meia década em guerra contra
o terrível gerundismo. Será que
temos algo a comemorar?

Acredito que
sim. Pelo que sei, muitos bancos e operadoras de
telemarketing – os próprios
laboratórios de onde essa doença escapou para as
ruas – empenharam-se em
campanhas para erradicar o gerundismo de seu
ambiente (em alguns casos,
usando até aquele texto como apostila).

Hoje, o gerundismo deixou de ser
uma conspiração de grandes empresas contra
nossos ouvidos e tornou-se um
vício de caráter privado, como o cigarro, o
álcool ou o bingo. Ainda não
existem clínicas de reabilitação para
gerundistas, mas é só uma questão de
tempo. Só quem já se viu dominado sabe
quanto é difícil largar o gerundismo.
Às vezes, o ‘eu vou estar transferindo
a sua ligação’ é mais forte que
você.

Felizmente, o pior não aconteceu. Se nada tivesse sido feito há
cinco anos,
a que ponto teríamos chegado? Não custa nada imaginar.

A
esta altura, o gerundismo já teria escapulido das relações de compra e
venda
e invadido outros territórios, como o dos ditados. De ‘ter é poder’
para
‘estar tendo é estar podendo’ é um pulo. O último que vai estar
chegando é a
mulher do padre. É estar pegando ou estar largando!

As crianças, graças
aos céus, continuam imunes. Ainda não se canta ‘Ciranda,
cirandinha, vamos
todos estar cirandando’. Pais e padrinhos não perguntam ‘O
que você vai
estar sendo quando vá estar crescendo?’. Garotos brigões não
ameaçam ‘Eu vou
tá te pegando na saída!’.

A poesia permanece a salvo do gerundismo.
Dificilmente nosso próximo
Vinícius escreverá ‘Eu sei que vou estar te
amando/Por toda a minha vida vou
estar te amando’. Outra: os títulos dos
livros continuam intactos. Ainda não
soltaram nenhuma edição de ‘A
insustentável leveza do estar sendo’.

Enquanto o gerundismo permanecer
fora dos estádios de futebol – e o
‘Vamuláááá!’ não se transformar em
‘Vamotaindolááááá!’ -, saberemos que a
situação está sob controle, e o
gerundismo um dia passará, como um ‘a nível
de’ qualquer.

De todo
modo, vencemos algumas batalhas, mas a guerra ainda não está ganha.
O lema
do movimento continua o mesmo: não vamos estar nos dispersando!

Até mais,

Comentário: Recebi por e-mail.

Reclamar da Justiça é fácil

Mas no Brasil não estamos acostumados a apreciar a técnica dos atos normativos, endeusando-nos quando estamos em cargos que nos geram poderes sobre a vida alheia. O que a maioria das "otoridades" brasileiras não diz é que determinam situações sem a devida observância de preceitos legais e depois reclamam da Justiça como coitadinhos infantilóides incoseqüentes…

Supremo critica CPI


Luiz Orlando Carneiro

BRASÍLIA –
Ao referendar, por unanimidade, uma liminar em mandado de segurança
concedida há quatro meses pelo ministro Celso de Mello à Alexander
Forbes Brasil Corretora de Seguros, para impedir que a CPI dos Correios
quebrasse os sigilos bancário, fiscal e telefônico da empresa, os
ministros do Supremo Tribunal Federal aproveitaram para uma série de
críticas aos integrantes das CPIs que – segundo eles – vêm se excedendo
na aprovação de requerimentos sem qualquer preocupação com a
jurisprudência firmada pelo Supremo. Essa jurisprudência, destacou
Celso de Mello, exige que ”a quebra do sigilo deve ser necessariamente
fundamentada sob pena de invalidade”.

– Verificamos uma quebra de sigilo à brasileira, realizada pela Caixa
Econômica Federal. Vivemos uma quadra delicada no que diz respeito aos
direitos fundamentais, numa luta política que chega à selvageria. Tudo
isso se tornou uma praga. Chegou a hora de se fazer uma nova lei sobre
os limites das CPIs – desabafou o ministro Gilmar Mendes.

O presidente do STF, Nelson Jobim, destacou a liminar de novembro de
Celso de Mello referente à falta de fundamentação, que estava sendo
confirmada no mérito. O requerimento do deputado Carlos Willian
(PTC-MG) para a quebra dos sigilos da Forbes baseava-se ”apenas” no
fato de a corretora ”estar envolvida, direta ou indiretamente, no caso
de possível favorecimento a ‘brokers’, conforme relatório preliminar da
CPMI dos Correios”.

– Esse registro é importante para se compreender a inadequação das
condutas praticadas no Parlamento. Isso preocupa o STF e a todos nós
para que não se possa dizer que eventuais resultados das atividades
investigatórias dessa CPI possam ser atribuídas ao tribunal – afirmou.

O ministro Celso de Mello advertiu que ”a quebra de sigilo não se pode
converter em instrumento de devassa indiscriminada dos dados bancários,
fiscais e telefônicos, postos sob proteção da cláusula constitucional
que resguarda a intimidade”.

O ministro Cezar Peluso chegou a propor que o STF aprove uma súmula
sobre a nulidade de atos de CPIs que determinem, ”sem fundamentação
adequada e concreta”, a quebra de sigilos de pessoas ou empresas
investigadas.

http://jbonline.terra.com.br/jb/papel/brasil/2006/03/23/jorbra20060323002.html

Categorias:Pense Direito

ECOS DO 11/9


Sobrinha
de bin Laden ganha reality show (e críticas)

A notícia de que Wafah Dufour, sobrinha de Osama bin Laden, será a estrela de
um reality show americano enfureceu famílias das vítimas dos atentados
terroristas de 11/9/01, como noticia Oliver Burkeman [The Guardian,
21/3/06]. Wafah – cujo nome completo é Wafah Dufour bin Ladin (ortografia usada
por este ramo da família) – é filha de Yeslam, meio-irmão do líder da al-Qaeda.
"Eu entendo que quando as pessoas escutam meu sobrenome tenham idéias
preconceituosas. Mas eu nasci nos EUA e amo meu país", afirmou Wafah, que
informou nunca ter encontrado o tio. Não é a primeira vez que ela tenta alcançar
o estrelato. No ano passado, a jovem de 27 anos posou para uma revista masculina
dentro de uma banheira, usando apenas um colar.

"Sua história e sua busca pelo estrelato tornarão atrativa a série de
televisão: ela é aspirante à cantora, jovem e, mais importante, um ser humano
que se apaixona, tem decepções, preocupa-se com a aparência, não escuta sempre
sua mãe e não fala com o pai há anos", opina Judith Regan, presidente da
produtora Regan Media, responsável pelo programa – sem tentar esconder que a
fama de Wafah está diretamente relacionada ao tio terrorista.

Um porta-voz da Associação de Famílias do 11 de Setembro classificou o
programa como "uma desgraça absoluta". "Nós pedimos que cada emissora que está
planejando colocar esta série no ar repense sua decisão. A idéia de que a
família de um homem com tanto sangue em suas mãos possa ter lucro com algum tipo
de celebridade instantânea é uma afronta", afirmou.

http://www.observatoriodaimprensa.com.br/artigos.asp?cod=373MON011

Categorias:Entretenimento

Vai acabar o gerundismo nos Telemarketings!!!

23/03/2006 09:12
O GAFANHOTO DO GERUNDISMO
Mestre Deonísio da Silva no Jornal do Brasil

Ave! Os gafanhotos do gerundismo estão com os dias contados! A
Associação Brasileira de Telemarketing (ABT) promete iniciar uma
campanha contra o gerundismo em abril próximo. Vai distribuir uma
cartilha aos cerca de 615 mil trabalhadores dos call centers.

Nossos irmãos portugueses evitam o gerúndio junto a verbos auxiliares
como ir, vir, estar, andar etc. Preferem ”estás a ver” a ”estás
vendo”.
Dá-se com o gerúndio algo semelhante ao neologismo. Passou-se rapidamente do uso ao abuso.

Palavras convidadas a entrar para a língua portuguesa ou aqui chegadas
por força de avanços científicos, tecnológicos e culturais em seu
sentido mais amplo, de repente passaram a mandar em nossa casa,
comportando-se como visitas intrometidas, que padecem da falta de
educação, o novo mal do século: ”tire esta mesa da sala, disponha as
cadeiras de outro modo, troque o tapete, arranque as cortinas”.

Na Estácio de Sá, um de nossos professores, subitamente despertado para
a inundação do inglês, passou a ironizar os neologismos. Assim, para
saber o horário de reunião semanal, pergunta à secretária quando vai
ser o status report.

Inspirado em dona Nelma, memorável secretária de O Pasquim, ensinei à
eficiente auxiliar que ela é nossa secretária, medianeira e nume
tutelar. A moça foi ao dicionário e ficou muito contente com as novas
funções.
Muitos profissionais, especialmente economistas e publicitários,
infestam sua fala com expressões desnecessárias do inglês, revelando
patologia de executivos conhecida como status needs.

Os glossários do jargão de altos funcionários, na esfera pública, e de
executivos, na esfera privada, ensinam que a doença revela necessidades
de alcançar prestígio, poder e segurança.

”Estas necessidades são tão fortes que algumas pessoas julgam ser
preciso usar símbolos (status symbols) para mostrar que têm alguma
forma de status.”
Achando que o carro, o celular, a roupa, o calçado, os óculos, o
perfume etc não são suficientes, recorrem à língua! Naturalmente, há
casos em que os neologismos são indispensáveis. A condenação diz
respeito ao abuso.
Para coibir o excesso de neologismos, principalmente daqueles vindos do
inglês, o latim do império, o então deputado e agora ministro Aldo
Rebelo apresentou projeto na Câmara dos Deputados. A proposta polêmica
foi duramente criticada nas universidades, mas certamente pouco lida e
ainda menos estudada.

O gerundismo irrompeu no Brasil no alvorecer deste segundo milênio. O
vírus nefasto decorreu de erro de tradução. Por volta do ano 2000,
desprezando profissionais de letras, certas empresas confiaram a
jejunos do inglês a versão de manuais ou de simples instruções.

Semelhando famosa catástrofe bíblica, pelo menos dez pragas desabaram,
então, sobre a maltratada língua portuguesa, já molestada pela falta de
”honesto estudo, com longa experiência misturado”, como escreveu
Camões em Os Lusíadas, uma estrofe depois de contar que o general
Aníbal ria dos ensinamentos militares de ”Formião, filósofo
elegante”, ”quando das artes bélicas, diante/ Dele, com larga voz
tratava e lia”.

Por enquanto, cuidemos dos gafanhotos do gerundismo. Trazidos pelo
siroco, vento que servia de ponte aérea para insetos que devastavam a
agricultura, tão logo ela verdejava, após as habituais inundações do
Rio Nilo, ”os gafanhotos pousaram em todo o território, em tão grande
quantidade como jamais houve nem haverá igual”.

No Brasil, o siroco foi principalmente o telefone, que agora trará também o antídoto.
[JORNAL DO BRASIL, 22/MAR/2006]

http://www.blogstraquis.blog-se.com.br/blog/conteudo/home.asp?idblog=11383

Crônica Primorosa Sobre Futebol

Círculo vicioso

Marcelo Russio

Aos nove anos ele fez a primeira peneira em um grande clube, seu
clube de coração, na zona sul da cidade. Achou que foi bem, fez dois
gols e deu o passe para mais dois. Ao sair, viu o responsável
conversando com um homem alto, de óculos e com uma capanga embaixo do
braço. Apontavam para ele e o homem com a capanga sorria.

Minutos depois, o mesmo homem veio até o menino e perguntou se ele
tinha empresário. O menino nem sabia o que era isso, e disse que não. O
homem disse que, se ele quisesse entrar no time, tinha que ter um
empresário. Apontou um menino que tinha ido mal, feito até um gol
contra, e disse que ele tinha empresário e que já estava dentro do time.

O menino não entendeu muito bem, mas disse que não tinha mesmo. O
homem se ofereceu para ser seu empresário e pediu o seu endereço, para
que ele falasse com o seu pai ou a sua mãe. Com medo, ele não deu, e
disse que ia esperar o responsável dizer quem eram os selecionados. Dez
minutos depois, o menino já estava a caminho de casa. Não havia sido
selecionado. O que fez o gol contra, por sua vez, comemorava a vaga no
time.

Mais tarde, após algumas peneiras e sempre jogando bem, ele acabou
entrando no clube. Já com idade de juvenil, viu diversas vezes um homem
parecido com o que queria ser seu empresário conversando com o técnico.

Não era o mesmo, mas agia da mesma forma. Sempre o jogador que
chegava com ele de carro era escalado entre os titulares, e o treinador
sempre saía do carro do homem com um pacote de papel pardo bem
estufado. No começo ele achava que era alguma encomenda, mas depois
entendeu o que era.

Coincidência ou não, o treinador trocou o seu fusca por um carro importado.

Mais tarde, entre os profissionais, o agora adulto já estava
acostumado a ver jornalistas conversando com outros jogadores e, após
algum tempo de papo, eles assinavam um papel. Nunca ninguém falava
sobre isso, mas ele percebeu, com o tempo, que os radialistas e
jornalistas que ficavam com o papel assinado pelo colega sempre
exaltavam as suas jogadas, por mais medíocres que fossem. Ele
estranhava aquela empolgação toda com uma jogada comum. Mas entendeu o
que acontecia quando aqueles jogadores acabavam indo jogar em países
que ele nunca tinha ouvido falar. E aqueles repórteres, em pouco tempo,
passavam a conversar com outros amigos dele.

Um dia, em uma entrevista ao vivo, ele comentou entre risos, o que
via acontecer nos clube, inocentemente. Ao ver os olhares de censura do
repórter, ele parou de falar e o repórter disse que ele tinha que sair
para um compromisso. Na partida seguinte, um zagueiro que ele já vira
conversando com aquele jornalista, deu uma entrada violenta em seu
joelho.

Fratura em quatro lugares e fim de carreira. O zagueiro levou cartão
amarelo e continuou em campo. Ao sair de campo, delirando de dor, ele
teve a impressão de ver o jornalista olhando para ele com um sorriso
maldoso no canto da boca.

Ele teve de arrumar um emprego, já que sua carreira estava encerrada
pela contusão. Casou, teve filhos e conseguiu um emprego relativamente
seguro em uma loja de autopeças que abriu com o cunhado. Seu filho
mostrava ainda mais habilidade do que ele com a bola. Aos nove anos,
quando perguntou se poderia ir ao clube da zona norte, paixão da
família, fazer uma peneira, fez o agora adulto chorar pela primeira vez
na vida. E, pela primeira vez, ele entendeu tudo o que acontecera em
sua vida.

21/3/2006

http://www.comunique-se.com.br/index.asp?p=Conteudo/NewsShow.asp&p2=idnot%3D27254%26Editoria%3D236%26Op2%3D1%26Op3%3D0%26pid%3D65510402500%26fnt%3Dfntnl

Categorias:Jogos

O Estorvo da Legalidade

Terça-feira, 21 de

março de 2006


As letras miúdas do casamento


Roberto Kaz

Reprodução
Travis Frey: contrato
doentio

20.03.2006 | A história é verídica. Há um mês, o americano Travis Frey foi preso
no estado de Iowa, sob a acusação de seqüestro em primeiro grau. Até aí, nada de
novo. O primeiro detalhe – para azeitar a história – é que a vítima do
seqüestrador foi ninguém menos que sua esposa, Ruth Frey. Por cometer o “delito”
de levar as filhas do casal a uma nova igreja, Ruth foi amarrada na cama e
violentada três vezes seguidas.

Não deixem de ler a reportagem completa em :
http://nominimo.ibest.com.br/notitia/servlet/newstorm.notitia.presentation.NavigationServlet?publicationCode=1&pageCode=54&textCode=21436&date=currentDate&contentType=html

Categorias:Pense Direito

Leis Obsoletas



Obsolescência

O governo irlandês vai cancelar, de uma só canetada, quase todas as leis promulgadas no país entre 1100 e 1800.

Muita coisa era proibida:

Adulterar café com estrume de ovelha.

Queimar bruxas.

Entreter o público com lutas entre tigres.

A posse de armaduras por judeus.

O casamento de irlandeses com ingleses.

Talvez alguns irlandeses ainda vejam motivo para manter a última aí. via Cronaca

[21
comentários
]
http://pedrodoria.nominimo.com.br/#1039

Categorias:Pense Direito

Acabou o McLanche Feliz

Brinquedo avulso

MPF pede e McDonald’s venderá brinquedo sem lanche

As lojas do McDonald’s farão venda avulsa dos brinquedos que
acompanham o McLanche Feliz. A Procuradoria da República em São Paulo firmou
termo de ajustamento de conduta com a empresa, em função de reclamações de pais
que são obrigados a comprar lanche quando seus filhos querem apenas o brinquedo,
que acompanha a refeição.

O termo estabelece prazo de nove meses, a partir da assinatura do
documento, para a implantação do novo sistema de venda dos brinquedos. Em caso
de descumprimento, o McDonald’s está sujeito a pagar multa diária de R$ 100
mil.

A comprovação do cumprimento do acordo será realizada pelo envio
de cópia do material de divulgação das campanhas do McLanche Feliz, que
incluirão a informação sobre a venda avulsa dos brinquedos, além de declaração
do responsável legal pela empresa, confirmando o atendimento das exigências do
compromisso.

Revista Consultor Jurídico, 20 de março de 2006

Categorias:Organizações

Rádio ZONA FM =oD

Primeira rádio de prostitutas tem estréia prevista para abril na Bahia

Associação tenta emplacar o nome ‘Zona FM’ junto ao Minstério das Comunicações

20.03.2006 – 19:03

Redação

A Associação das Prostitutas da Bahia (Aprosba) espera estrear no final
de abril a rádio Zona FM, cuja concessão foi obtida por meio de
convênio assinando em janeiro com o Ministério da Cultura – e desde
então vem repercutindo na imprensa. O nome fantasia da emissora ainda
aguarda autorização do Ministério das Comunicações.

Ao menos inicialmente, o foco da programação serão as garotas de
programa de Salvador, mas a proposta – que exclui eventual estímulo à
prostituição – vai mais longe quando abrange dificuldades e conquistas
das comunidades marginalizadas da capital baiana. Segundo a Agência
Estado, a sede será num casarão no bairro histórico do Pelourinho.

Para tocar as operações, a Zona FM pretende atrair professores
universitários para a locução e voluntários para cargos técnicos – além
de treinar garotas de programa que mostrem talento ao microfone.

Daspu

No ano passado, a grife de moda Daspu, lançada pela ONG carioca
Davida, alcançou notoriedade ao participar da Fashion Rio e chegou a
inspirar protesto da butique de luxo Daslu.
http://cidadebiz.oi.com.br/noticias/noticia.php?artigo_id=34794

Comentário: E olhem que tem muitas outras rádios consideradas normais que poderiam muito bem, por outros motivos, serem chamadas de Rádios ZONAS!!! =o/

Categorias:Organizações